Crise

Dólar atinge R$ 5,70 após saída de quatro secretários da Economia

Quatro secretários deixaram os cargos por serem contra política do governo Bolsonaro que aumenta riscos de abandono da responsabilidade fiscal com o furo do teto de gastos

Por Renato Alves
Publicado em 22 de outubro de 2021 | 09:44
 
 
 
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O mercado financeiro reagiu muito mal à debandada no Ministério da Economia, anunciada na véspera, após o fechamento dos pregões. 

Nesta sexta-feira (22), logo no início do pregão, o dólar futuro superava R$ 5,70 pela primeira vez desde abril. O dólar futuro bateu R$ 5,7135 na máxima. Às 9h26, subia 0,71%, a R$ 5,7065. No mercado à vista, a moeda ganhava 0,54%, a R$ 5,6990, após pico de R$ 5,7080 (+0,47%).

No entanto, assim como na véspera, o Banco Central ainda não anunciou ofertas líquidas de dólar para esta sessão.

Na quinta-feira, o dólar fechou em alta de 1,92%, a R$ 5,6651 – maior cotação desde 14 de abril e a maior valorização diária da moeda desde 8 de setembro. Com o resultado, a moeda norte-americana passou a acumular avanço de 4,03% no mês e de 9,21% no ano.

Auxílio Brasil e silêncio de Guedes foram estopim para demissões

Quatro secretários deixaram os cargos por serem contra política do governo Bolsonaro que aumenta riscos de abandono da responsabilidade fiscal com o furo do teto de gastos, para acomodar o Auxílio Brasil de R$ 400 mensais.

O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram demissão, junto com a secretária especial adjunta do Tesouro , Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.

A gota d´água teria sido  o silêncio do ministro da Economia, Paulo Guedes, apóse o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometer um auxílio para caminhoneiros contra o aumento do diesel, e à mudança no teto de gastos, que ampliaram o espaço do teto para R$ 83,6 bilhões.

As manobras para furar o teto foram aprovadas dentro da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, aprovada na noite de quinta pela comissão especial da  Câmara. O texto agora segue para o plenário.

A ideia original da PEC era jogar R$ 50 bilhões em precatórios para frente, mas o texto aprovado ontem garante um espaço ainda maior, de R$ 83 bilhões para bancar um “pacote de bondades” que ajude a reeleição de Bolsonaro.

A proposta de furar o teto para bancar o programa social repercutiu negativamente no mercado, elevando os temores de piora do quadro fiscal e de descontrole dos gastos públicos para financiar medidas vistas como populistas.

O mercado já reagia negativamente a essas notícias ontem, fazendo com que a bolsa brasileira ficasse no topo da lista de piores bolsas do mundo no ano, com perdas que já chegam a R$ 284 bilhões.

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