O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, nesta quinta-feira (1º), que o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, é um homem que tem seu respeito e 100% de sua confiança. A fala foi dada após o petista empossá-lo para o cargo, em cerimônia no Palácio do Planalto, sede administrativa do governo em Brasília.
Sobre Flávio Dino, Lula disse que ele cumpriu "de forma magistral" a tarefa de comandar a pasta por pouco mais de um ano, e fez um trabalho "extraordinário". Apesar disso, declarou "preocupação" por tirá-lo da Justiça e contou que passou por um "martírio" na decisão sobre a vaga deixada por Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu dizia para a Janja [primeira-dama] que às vezes eu deitava e tinha que escolher o novo ministro da Suprema Corte e ficava pensando em quem, se mulher, homem, negro, branco, de que Estado, qual personalidade. Isso é uma coisa que martiriza a gente. Você não pode ficar pensando em escolher amigo ou companheiro, tem que escolher alguém que possa dar conta da função a que essa pessoa vai exercer a partir desse momento", afirmou.
Dino foi exonerado do cargo de ministro da Justiça na quarta-feira (31) e tomará posse no STF em 22 de fevereiro. Ele faz o caminho inverso ao de Lewandowski, que se aposentou da Suprema Corte aos 75 anos, em abril de 2023.
"Eu confesso que tinha muita preocupação em tirar o Dino do Ministério da Justiça por causa da colaboração política que ele tinha com o governo, com os partidos políticos, com o Senado e com a Câmara. Eu fiquei pensando e me veio a ideia de um desafio", continuou.
O presidente contou ainda que foi um desafio fazer Lewandowski aceitar o cargo de ministro. Segundo o petista, ao fazer o convite, deu dois dias para que o ministro aposentado do STF desse sua resposta. No final do prazo, de acordo com Lula, recebeu uma ligação de Lewandowski aceitando a função por influência de sua esposa.
Eu fiquei feliz pelo Brasil. Não é em qualquer momento da história que uma nação consegue entregar para a Suprema Corte alguém como Flávio Dino, e não é em qualquer momento histórico que uma nação pode entregar para ser ministro da Justiça um homem da qualidade do Lewandowski", declarou o petista.
Autonomia para estruturação da equipe
O presidente reforçou que deu autonomia para Lewandowski montar sua própria equipe, após pressão sobre o destino de Ricardo Cappelli, então secretário-executivo da Justiça na gestão Dino. E alertou o novo ministro que a função "está cheia de surpresas", inclusive no funcionamento da própria equipe.
Lula também declarou a intenção de que o novo ministro da Justiça atue em parceria com governadores para elaborar um plano de segurança pública. A área é tida como um desafio para o governo federal e será o foco de Lewandowski.
"Ninguém persegue ninguém, a Polícia Federal não persegue ninguém. O governo federal não quer se meter a fazer a política de segurança nos Estados. O que nós queremos é construir com os governadores a parceria necessária para combater [...] o crime organizado", disse.
O petista frisou que o problema do crime organizado "não é uma coisa de uma favela, de uma cidade ou de um Estado". "É uma indústria multinacional de fazer delitos internacionais, e está em toda a atividade desse país. Se a gente quiser pegar do futebol ao Poder Judiciário, da classe política à empresarial, o crime organizado está metido", finalizou.