O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chegou a Brasília na noite deste domingo (28). Ele deverá se encontrar nesta segunda-feira (29), no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na terça (30), um grupo de 11 presidentes da América do Sul se reúne no Palácio Itamaraty para discutir a integração regional.

É a primeira vez que Maduro visita o Brasil desde julho de 2015, quando esteve no país para uma cúpula do Mercosul realizada em Brasília, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Maduro foi proibido de entrar no Brasil pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida havia sido editada em 2019, quando Bolsonaro rompeu com o país vizinho. Em março de 2020, o Brasil retirou seus diplomatas que trabalhavam na embaixada do Brasil na Venezuela, em Caracas, capital do país. A medida foi revertida em 30 de dezembro de 2022.

Maduro desembarcou em Brasília acompanhado de sua esposa Cilia Flores, ex-presidente da Assembleia Nacional, e foi recebido na Base Aérea pela embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores.

“Agradeço a calorosa acolhida com que fomos recebidos em Brasília, capital da República Federativa do Brasil. Nas próximas horas estaremos desenvolvendo uma agenda diplomática que reforce a necessária união dos povos de nosso continente. Estar ciente!”, publicou Maduro nas redes sociais logo após o desembarque.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse em nota que Lula e Maduro deverão “debater os avanços no processo de normalização das relações bilaterais – iniciado em 1º de janeiro último –, incluindo a reabertura das embaixadas e setores consulares e a recente designação do embaixador da Venezuela no Brasil.

Na semana passada, Lula recebeu as credenciais do novo embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vicente Vadell Aquino. O documento é uma formalidade que marca o início da atuação do diplomata no Brasil. Um embaixador assume o posto depois de entregar os documentos ao governo do país onde irá atuar.

"Na reunião, os dois mandatários deverão examinar temas prioritários para o adensamento do diálogo em todas as áreas da relação. Nesse sentido, os presidentes tratarão dos resultados da recente missão multidisciplinar à capital venezuelana, organizada pela Agência Brasileira de Cooperação e que contou com representantes de mais de vinte órgãos governamentais brasileiros. Atenção especial será atribuída aos temas fronteiriços, com destaque para a proteção das populações que residem nessa faixa, entre elas os povos Yanomami", diz a nota do Itamaraty.

Saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado

Além de Maduro, Lula receberá outros nove presidentes de países da América do Sul e um representante do governo do Peru na terça-feira para uma reunião no Palácio Itamaraty, em Brasília.

Deverão participar do encontro os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).

A atual presidente do Peru, Dina Boluarte, impossibilitada de comparecer, será representada pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola.

O evento terá duas sessões. Pela manhã, os convidados serão recebidos por Lula e, na sequência, farão discursos de abertura. Na parte da tarde, está prevista uma conversa mais informal, em formato reduzido, em que cada presidente será acompanhado pelo respectivo chanceler e apenas um ou dois assessores.

À noite, os chefes de Estado e delegações participarão de um jantar oferecido pelo presidente Lula e pela primeira-dama Janja da Silva no Palácio da Alvorada.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o evento visa retomar a cooperação dentro do continente. As principais pautas, além da integração, são em torno de questões comuns nas áreas de saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado.

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