O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que recebeu, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois pastores envolvidos em uma polêmica por conta de áudios que sugerem favorecimento e até um pedido de propina em ouro de um prefeito. Segundo ele, apesar de pedir o primeiro encontro dele com Arilton Moura e Gilmar Santos, Bolsonaro nunca pediu que eles fossem beneficiados. As declarações foram dadas à CNN Brasil.
"Ele (Bolsonaro) pediu para receber uma vez. E eu o fiz. Para apresentar a mim, eu recebi, normalmente, como recebo outros. Mas não é só o presidente que indica pessoas para eu receber. Eu recebo pedidos de parlamentares, de governadores, que pedem para eu receber determinadas pessoas que tenham, algum pleito com educação", disse Milton Ribeiro, que se encontrou quase duas dezenas de vezes com os dois pastores.
"Ele só pediu: 'Milton, vc pode receber?' Eu recebo. Quando um governador liga e diz: 'Milton vc pode receber, eu recebo". É assim que funciona. Ele não pediu inclusive, eu disse isso de uma maneira muito clara, que em nenhum momento o presidente pediu um tratamento especial. (Ele disse:) atende eles. Pediu para atender. Pediu para receber. Isso é outra coisa", explicou.
De acordo com Milton Ribeiro, quando ocorriam as conversas, havia técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) nas reuniões. "O assunto sempre era de natureza técnica. Eu recebi os prefeitos (levados pelos pastores) e os técnicos, geralmente técnicos do FNDE que estavam presentes nas reuniões eles então conversavam com esses prefeitos que geralmente eram de cidades menores no Norte do país", completou.
Ele ainda reforçou que, no áudio, destaca a prioridade para municípios que mais precisavam. Afirmou que, como ministro, não tem autonomia para enviar recursos desrespeitando critéiros técnicos, e completou que as referências que fez a Gilmar seria uma "cortesia" que faz a todos que o procuram
"Uma vez atendidos esses princípios técnicos e de necessidade social de alguns municípios, aí entra o segundo. Essa minha palavra que eu faço referência ao Gilmar, que é o presidente de uma denominação, que por acaso não é a minha, mas que respeito, eu faço referência ao presidente da República, que ele que pediu pra receber. Mas quando eu falo que ele é amigo, é assim, é uma cortesia que eu faço com vários parlamentares que talvez estejam me ouvindo e que vão lá quando eles vêm com alguém, algum prefeito, e eu simplesmente falo: 'Olha, ele é que manda aqui, ele que vai indicar, ele que vai fazer. Mas na verdade, tecnicamente, até eu não tenho condição e nem tenho legitimidade, nem competência, para indicar nada. Pois os critérios de atendimento no MEC são eminentemente técnicos", afirmou.
Na entrevista, Milton Ribeiro também afirmou que a CGU já abriu uma investigação sobre o assunto, no ano passado, a seu pedido, e que Bolsonaro o procurou para dizer que "não viu nada demais" no áudio vazado que sugere benefício a pastores aliados.
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