Um dos pastores que negociam transferências de recursos federais para prefeituras pediu 1 kg de ouro para conseguir liberar verbas de obras de educação para Luis Domingues, denunciou o prefeito do município maranhense, Gilberto Braga (PSDB).
O prefeito disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o pastor Arilton Moura pediu propina em um restaurante de Brasília, na presença de outros políticos.
Arilton e o também pastor Gilmar Santos têm negociado liberações de recursos federais para municípios, mesmo não tendo cargos no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Folha de S. Paulo revelou na segunda-feira (21) áudio em que o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, afirma que, a pedido de Bolsonaro, o governo prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos pastores Gilmar e Arilton.
Pastor do MEC se encontrou quatro vezes com Bolsonaro
Já o O Globo mostrou nesta quarta-feira (23) como os dois pastores têm livre trânsito nos gabinetes da Esplanada dos Ministérios no governo de Jair Bolsonaro.
Com o presidente, por exemplo, foram no total quatro encontros em Brasília: três no Palácio do Planalto e um no Ministério da Educação, junto com Milton Ribeiro.
Segundo os registros de compromissos do presidente, dois dos encontros aconteceram no primeiro ano de mandato, em 2019: nas duas ocasiões em eventos com outras lideranças evangélicas.
Em 2020, Bolsonaro novamente recebeu o pastor Gilmar Santos em seu gabinete. Dessa vez, para uma audiência a sós. No mesmo dia, logo após o encontro com o Bolsonaro, o religioso foi ao Ministério da Educação se encontrar com Milton Ribeiro, de acordo com os horários das reuniões.
Em fevereiro do ano passado, os três participaram de um evento no Ministério da Educação. Em publicação nas suas redes sociais, Gilmar destacou que levou mais de 40 prefeitos de quatro estados "para tratar dos avanços e desafios da educação atual" para a sede da pasta.
Além de conseguir espaço na agenda mais disputada, a do presidente, Gilmar e Arilton também circularam por outros prédios da Esplanada: os compromissos indicam que desde o início do governo, os dois pastores tinham acesso a ministros.
Em março de 2019, com o vice-presidente Hamilton Mourão ocupando a presidência na ausência de Bolsonaro, Gilmar foi recebido no Palácio do Planalto. Em julho de 2019, a agenda do então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também indica um encontro com uma pessoa identificada como "Pastor Gilmar".
Em novembro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, esteve com o pastor Arilton Moura para um encontro que contou com a presença do embaixador de Israel, Daniel Zonshine, e o deputado federal Vicentinho Junior (PL/TO).
Por fim, em dezembro, foi a vez de Gilmar e Arilton serem recebidos pelo ministro Ciro Nogueira junto com o deputado federal João Campos (Republicanos-GO). Campos costumava acompanhar os religiosos em algumas das reuniões que tinham com a cúpula do Ministério da Educação.
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