Servidores do Banco Central (BC) ameaçam entrar em greve por tempo indeterminado caso o governo federal não abra as negociações sobre o reajuste salarial da categoria.

Eles cobram uma reunião urgente com o ministro da Casa Civil e o envio de um ofício assinado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, à equipe econômica do governo, exigindo um aumento de salário semelhante ao que será concedido às carreiras policiais.

Caso nenhuma das medidas sejam tomadas até esta terça-feira (22), a categoria discutirá em assembleia, marcada para o mesmo dia, a proposta de greve e de entrega de comissões.

Os servidores estão em paralisação parcial desde a última quinta-feira (17). De acordo com o presidente do Sindicato Nacional de Funcionários do BC (Sinal), Fábio Faiad, as pausas acontecem diariamente das 14h às 18h e têm tido adesão majoritária. “Vamos buscar o aumento desse número até onde for possível”, disse Faiad.

Uma primeira reunião com Campos Neto, que já havia sido acertada  Infelizmente, a reunião que já havia sido acertada para acontecer há duas semanas, foi cancelada sem motivos e sem uma nova previsão de data, segundo o Sinal. 

As interrupções já motivaram atrasos em serviços, como na divulgação do Boletim Focus, que traz uma análise sobre as expectativas do mercado financeiro. O documento, publicado toda segunda-feira às 8h30, será exibido somente às 10h.

Além das paralisações, mais da metade dos substitutos de funções comissionadas do BC pediram, de forma coletiva, a anulação das nomeações. Os funcionários pedem também a reestruturação de carreira de analistas e técnicos, com proposta sem impacto financeiro ao governo federal.

Faiad destacou que o movimento se deve à negativa do governo de iniciar conversas com categorias que não serão contempladas com aumento salarial neste ano.

Segundo ele, recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) pedindo “compreensão” aos servidores que não são da segurança pública federal sugerem que o reajuste será dado somente para os policiais federais e outros servidores de segurança.

“A ameaça de greve agora é mais forte do que as anteriores porque, até o momento, não tivemos nenhuma resposta oficial do governo federal. Portanto, se não houve resposta, vamos para a greve geral. Infelizmente, a greve está sendo o único caminho de o BC conseguir fazer o governo negociar”, explicou Faiad.

“O governo tem se recusado a negociar injustificadamente, porque nós estamos tentando há muito tempo e o melhor caminho seria a negociação. Inclusive, é o melhor caminho para a sociedade, porque tem o Banco Central importante atuando e não pode ficar sem alguns dos serviços”, acrescentou o presidente do Sinal.

O BC informou que não irá se manifestar sobre a ameaça de greve dos servidores.

A reação de categorias do funcionalismo público em favor de reajuste salarial começou no final de 2021, quando Bolsonaro afirmou que usaria o valor de R$ 1,9 bilhão reservado no Orçamento de 2022 para conceder aumento apenas para categorias policiais.

Seriam beneficiados servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.

Desde então, integrantes do governo federal têm demonstrado resistência em possível ampliar o reajuste para outras categorias, sob a justificativa de restrição orçamentária. 

Com a pressão e a paralisação de serviços, porém, o Executivo considerou, no final de fevereiro, uma proposta de conceder um aumento linear de R$ 400 para todos os servdiores da União. A medida teria impacto de R$ 5 bilhões e obrigaria corte de despesas, mas ainda não foi confirmada pelo governo federal.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes.