BRASÍLIA - Relatório final da Polícia Federal divulgado nesta terça-feira (26) aponta que os militares que integram os chamados “kids pretos”, forças especiais do Exército, atuaram em duas frentes no suposto golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta terça-feira (26), o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou o relatório final da Polícia Federal que indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Em uma das linhas de atuação, vários militares com formação nas forças especiais reuniram-se em Brasília, no dia 28 de novembro de 2022, para elaborar e pôr em prática atos que pudessem inflamar as manifestações em frente às instalações militares e pressionar os integrantes do Alto Comando do Exército a aderirem ao intento golpista.
No relatório, a Polícia Federal afirma que a medida daria o suporte necessário para que Jair Bolsonaro, então presidente da República, assinasse o Decreto que subverteria o Estado Democrático de Direito.
Em outra linha de atuação, a PF aponta que integrantes da organização criminosa, planejaram e executaram o plano operacional chamado de “Punhal Verde e Amarelo”, que tinha o objetivo de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quando o Decreto fosse assinado por Bolsonaro.
“Os elementos de prova identificados permitiram a investigação avançar nos atos praticados, revelando que os criminosos também elaboraram um plano para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin, com a finalidade de extinguir a chapa vencedora das eleições presidenciais de 2022”, diz o texto.
Segundo investigação da PF, a ação de prisão/execução de Alexandre de Moraes foi iniciada no dia 15 de dezembro de 2022, mas foi abortada, quando Bolsonaro não obteve o apoio do Comandante do Exército, general Freire Gomes, e da maioria do Alto Comando do Exército.
De acordo com a PF, “os investigados tinham ciência de que o então presidente Jair Bolsonaro, para consumar o Golpe de Estado, precisaria da adesão do Exército brasileiro”. O grupo teria usado “o modus operandi da milicia digital, empregado pela organização criminosa para pressionar, atacar e expor os Generais contrários ao golpe de Estado”.
“No dia seguinte, pesquisa realizada na plataforma X (antigo Twitter) revelou que pelo menos um perfil publicou as fotos dos generais trocadas entre CORRÊA NETTO e BASTOS, com os dizeres: ‘Dos dezenoves generais, estes cinco canalhas não aceitam a proposta do povo. Querem que Lularapio assuma (...)’. A publicação ainda pede para que as fotos dos generais sejam disseminadas na plataforma para serem expostos”, diz o relatório da PF.
Após uma reunião desses militares, a denominada “Carta ao comandante do exército de oficiais superiores da ativa do exército brasileiro” e os generais contrários ao golpe de Estado foram expostos por Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo, também indiciado pela PF.
Segundo a PF, as ações de pressão ao comandante do Exército, Freire Gomes, teve a anuência de Bolsonaro.