BRASÍLIA — O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça votou nesta sexta-feira (13) para impedir que o ministro Alexandre de Moraes siga como relator do inquérito que investiga a participação de Jair Bolsonaro (PL) em uma suposta trama golpista. 

O magistrado foi o último a registrar voto no julgamento que ocorre no plenário virtual do STF. Mendonça é o único voto divergente da Corte, que formou maioria para manter Moraes na relatoria do processo. A posição do ministro encerra a votação com o placar de 9 a 1, resultado que garante a Alexandre de Moraes a permanência à frente do inquérito. 

O pedido para afastá-lo do processo foi apresentado à Corte pela defesa de Bolsonaro. O advogado Paulo Amador da Cunha Bueno argumentou que o ministro tem "claro e evidente interesse pessoal no desfecho do processo" por ter se declarado como vítima de um plano de assassinato em praça pública descoberto pela Polícia Federal (PF). 

“É evidente que um julgador que se considera vítima jamais julgaria seus supostos algozes com a seriedade, isenção, ponderação e imparcialidade que se exigem de um magistrado para exercer a jurisdição", afirmava o pedido.  

Ministros indicados por Bolsonaro foram os últimos a votar 

A defesa de Bolsonaro recorria de uma decisão liminar do presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, que, no início do ano, negou um pedido para afastar Moraes. Barroso, à ocasião, justificou que não via elementos concretos de parcialidade. 

O julgamento continua até 23h59 desta sexta-feira. Já no primeiro dia de votação, a Corte formou maioria para rejeitar o recurso de Bolsonaro. 

Os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, nomeados pelo ex-presidente aos cargos no Supremo, votaram nas últimas horas do julgamento. O primeiro seguiu os demais colegas no entendimento de que Alexandre de Moraes não deveria ser afastado da relatoria do inquérito. Mendonça divergiu. Assim, o placar ficou em 9 votos pela rejeição, um contra e uma abstenção do próprio Alexandre de Moraes, que se declarou impedido de julgar por ser parte do recurso.  

Bolsonaro é um dos 37 indiciados pela PF em investigação 

Relatório final da Polícia Federal indiciou o ex-presidente e mais 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. 

A PF identificou elementos de provas de que o ex-presidente "planejou, atuou e teve domínio de forma direta" na execução de plano criminoso que buscava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023.