BRASÍLIA - Apesar de ter sido cumprida somente neste sábado (14), a prisão do general Walter Braga Netto foi assinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na terça-feira (10). A Polícia Federal (PF), no entanto, esperou o militar retornar de uma viagem de férias para cumprir a ordem.
Braga Netto estava em viagem de férias com a família para o litoral de Alagoas. Inicialmente, a intenção era que a ordem de Moraes fosse cumprida na quinta-feira (12), mas o plano do general era voltar para casa somente no final da tarde de sexta-feira (13).
Para evitar qualquer risco de espetacularização, agentes da PF esperaram, então, que Braga Netto retornasse à sua rotina para cumprir o mandado. Ele foi preso em sua casa em Copacabana, no Rio de Janeiro. No local, também foi feita uma operação de busca e apreensão.
Entenda
O militar foi preso no início da manhã deste sábado pela Polícia Federal (PF) por obstrução à Justiça na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Na prática, de acordo com a instituição, ele agia para atrapalhar o andamento da apuração.
Ele foi preso em sua casa em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Depois da prisão, foi levado para a Superintendência da PF no Rio e, por ser militar, será entregue ao Comando Militar do Leste para ficar sob custódia do Exército. No mesmo local, agentes fizeram busca e apreensão.
A decisão de Moraes diz que ele tentou obter informações sigilosas fornecidas pelo tenente-coronel Mauro Cid em delação premiada. Isso, “ao que tudo indica, para manter informado os demais integrantes da organização criminosa”.
Além disso, entregou dinheiro em uma sacola de vinho para militares. Os valores seriam usados para financiar despesas necessárias para colocar em prática a trama de golpe.
A prisão foi autorizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Às 14h deste sábado, o general da reserva passará por uma audiência de custódia, que não avaliará o mérito da investigação, mas sim se o procedimento de prisão foi feito dentro das regras e sem arbitrariedades.
Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. De acordo com as investigações, a trama consistia em assinar um decreto para manter Bolsonaro no poder.
Dessa forma, impedir a posse da chapa eleita no pleito: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). Antes das eleições, Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro.
Ao todo, foram cumpridos, neste sábado, quatro mandados. Além da prisão preventiva de Braga Netto, há dois de busca e apreensão e uma medida cautelar, que tem ações restritivas diferentes da prisão, "contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal".
O outro alvo foi o coronel da reserva Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto desde o governo Bolsonaro. Os mandados foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF informou que "as medidas judiciais têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas" apontadas no inquérito. Os mandados foram cumpridos nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF), com o apoio do Exército Brasileiro.