BRASÍLIA - A Procuradoria-Geral da República (PGR) deu aval para a prisão do general Walter Braga Netto, por obstrução à Justiça. O militar é acusado de atrapalhar as investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
O procurador-geral, Paulo Gonet, concordou com o pedido da Polícia Federal, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Após manifestação da PGR, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, autorizou a prisão realizada neste sábado (14) do general e também de um assessor dele, o coronel da reserva Flávio Peregrino.
Braga Netto já era monitorado pela Polícia Federal, mas não foi preso antes porque estava em uma viagem a Alagoas.
Uma das atuações de Braga Netto para obstruir as investigações seria a tentativa de obter informações da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro.
Entre os elementos da nova operação da Polícia Federal, estão depoimentos de Mauro Cid que implicam diretamente o general, que foi candidato à vice na chapa de Bolsonaro derrotada nas eleições de 2022.
Em uma audiência com Alexandre de Moraes, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou que Braga Netto forneceu dinheiro aos chamados Kids Pretos, militares de forças especiais acusados de elaborar um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
Entenda
A PF indiciou 40 pessoas na trama que teria atuado para instaurar o golpe de Estado em 2022. Na lista, além de Braga Netto, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e nomes de seu entorno.
O relatório da PF com as informações foi enviado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes à Procuradoria-Geral da República (PGR), que ainda analisa se oferece denúncia sobre o caso. Caso decida que sim, os indiciados podem se tornar réus.
A casa de Braga Netto, em Brasília, foi usada como local de reunião pelo grupo que discutia a trama. Agentes da PF também descobriram que, em meio à tentativa de golpe, militares das forças especiais do Exército, chamados de "kids pretos", planejaram o homicídio de Lula, Alckmin e Moraes.
Indiciados
Foram indiciados pela PF em 21 de novembro 37 pessoas envolvidas na tentativa de golpe identificada nas investigações. Em 11 de dezembro, mais três pessoas foram indiciadas, completando a lista com 40 nomes. Veja todos abaixo:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
- Alexandre Rodrigues Ramagem
- Almir Garnier Santos
- Amauri Feres Saad
- Anderson Gustavo Torres
- Anderson Lima de Moura
- Angelo Martins Denicoli
- Aparecido Andrade Portella
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira
- Bernardo Romao Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Carlos Giovani Delevati Pasini
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
- Fabrício Moreira de Bastos
- Filipe Garcia Martins
- Fernando Cerimedo
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques de Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro
- José Eduardo de Oliveira e Silva
- Laercio Vergilio
- Marcelo Bormevet
- Marcelo Costa Câmara
- Mario Fernandes
- Mauro Cesar Barbosa Cid
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
- Rafael Martins de Oliveira
- Reginaldo Vieira de Abreu
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
- Ronald Ferreira de Araujo Junior
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Tércio Arnaud Tomaz
- Valdemar Costa Neto
- Walter Souza Braga Netto
- Wladimir Matos Soares
Todos foram indiciados pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.