BRASÍLIA – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar, nesta quinta-feira (16), o coronel do Exército Marcelo Câmara. Ex-assessor direto de Jair Bolsonaro (PL), o militar estava preso por suspeita de participação em um suposto plano de golpe de Estado que impediria a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manteria o ex-presidente no Palácio do Planalto.

Ao colocar Câmara em liberdade, Moraes impôs o uso de tornozeleira eletrônica e o comparecimento semanal em juízo, bem como a proibição de se ausentar do Distrito Federal. Ele também não pode se comunicar com os demais investigados ou usar as redes sociais. 

O coronel, que teve o porte de armas cancelado, estava preso em uma unidade do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), na capital federal, desde 8 de fevereiro. Na data, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tempus Veritatis, que investiga atos preparatórios para um suposto golpe de Estado. 

No mesmo dia, a PF prendeu outras pessoas próximas de Jair Bolsonaro: Filipe Martins, ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, no governo de Bolsonaro; Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro; e o major Rafael Martins, da ativa do Exército. Também foi determinada a prisão do coronel Bernardo Romão Correa Neto, que estava nos Estados Unidos. Ele foi transferido para o Brasil dias depois.

Segundo relatório da PF sobre as investigações, Marcelo Câmara teria monitorado Alexandre de Moraes, com o intuito de planejar a prisão do ministro, um dos passos do suposto plano de golpe. Ainda segundo o documento, o coronel trabalharia em coordenação estreita com Bolsonaro.

Ao soltar o coronel, Moraes acatou parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR). Para o órgão, o grupo investigado já foi desarticulado e a soltura de Câmara não ameaça as investigações. O militar sempre negou participação em qualquer trama golpista.

Também nesta semana, numa investigação paralela, sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, Moraes determinou a soltura do coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, o último integrante da antiga cúpula da Polícia Militar do DF que ainda estava preso. Ele foi denunciado pela PGR por omissão durante os atos em que as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.