BRASÍLIA. Um diálogo identificado pela Polícia Federal (PF), entre os investigados no caso da “Abin Paralela”, menciona que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes não sairia com impeachment e só com “tiro mesmo”. Em outro diálogo é usado o termo em inglês também para fazer referência a “tiro na cabeça”,“head shot”, e ao calibre da munição “7.62”. 


Moraes, relator do caso no STF, retirou o sigilo da operação Última Milha, que teve sua quarta fase deflagrada nesta quinta-feira (11). Ministros da Corte, parlamentares do Congresso Nacional e jornalistas foram alvos de espionagem ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de acordo com a PF. 


Alexandre de Moraes autorizou a execução de cinco mandados de prisão preventiva, que já foram cumpridos. Além disso, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de Juiz de Fora (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Salvador (BA) e São Paulo (SP).


Segundo a PF, o objetivo desta fase é "desarticular uma organização criminosa" após ser constatado que membros dos três Poderes e jornalistas foram alvos das ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de fake news.


Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.


Operação teve início em outubro de 2023


A ação de hoje é uma continuação das investigações da operação Última Milha, deflagrada ainda em outubro do ano passado. Segundo a PF, as provas obtidas a partir das diligências executadas à época indicaram que o "grupo criminoso" criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços da agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático.


Na época, foi revelado que ministros do STF, jornalistas, advogados, políticos e adversários do governo do ex-presidente estavam entre as pessoas que foram monitoradas ilegalmente por membros da agência. A apuração identificou 33 mil acessos da localização telefônica dos mais diversos alvos.


Conforme as investigações, ocorreram proveitos pessoais para interferir em apurações da Polícia Federal. Na época, foi apontado ainda que servidores teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema para coagir colegas e evitar a expulsão da Abin.