BRASÍLIA - Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares do Congresso Nacional e jornalistas foram alvos de espionagem ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), segundo a Polícia Federal. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da operação Última Milha, que teve sua quarta fase deflagrada nesta quinta-feira (11).
Confira a lista de autoridades que teriam sido espionadas pela Abin:
Ministros do STF
- Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo;
- Alexandre de Moraes, relator de casos contra Bolsonaro;
- Dias Toffoli;
- Luiz Fux.
Deputados federais
- Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara dos Deputados;
- Rodrigo Maia (União Brasil-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados;
- Kim Kataguiri (União Brasil-SP);
- Joice Hasselmann (PSDB-SP), ex-deputada federal.
Senadores
- Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid-19 em 2021;
- Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid-19;
- Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), líder do governo no Congresso Nacional e membro da CPI da Covid-19;
- Alessandro Vieira (PSDB-SE), membro da CPI da Covid-19.
Outras autoridades
- João Doria (PSDB), ex-governador de São Paulo;
- Hugo Ferreira Netto Loss, servidor do Ibama;
- Roberto Cabral Borges, servidor do Ibama;
- Christiano José Paes Leme Botelho, auditor da Receita Federal;
- Cleber Homen da Silva, auditor da Receita Federal;
- José Pereira de Barros Neto, auditor da Receita Federal.
Jornalistas
- Monica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo;
- Vera Magalhães, colunista de O Globo e apresentadora do Roda-Viva;
- Luiza Alves Bandeira, coordenou a estudo de páginas que espalhavam desinformação nas redes sociais;
- Pedro Cesar Batista, consultor de comunicação que ajudou a organizar protestos contra Jair Bolsonaro.
Alexandre de Moraes autorizou a execução de cinco mandados de prisão preventiva, que já foram cumpridos. Além disso, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de Juiz de Fora (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Segundo a PF, o objetivo desta fase é "desarticular uma organização criminosa" após ser constatado que membros dos três Poderes e jornalistas foram alvos das ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de fake news.
Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
Relembre
A ação de hoje é uma continuação das investigações da operação Última Milha, deflagrada ainda em outubro do ano passado. Segundo a PF, as provas obtidas a partir das diligências executadas à época indicaram que o "grupo criminoso" criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços da agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático.
Na época, foi revelado que ministros do STF, jornalistas, advogados, políticos e adversários do governo do ex-presidente estavam entre as pessoas que foram monitoradas ilegalmente por membros da agência. A apuração identificou 33 mil acessos da localização telefônica dos mais diversos alvos.
Conforme as investigações, ocorreram proveitos pessoais para interferir em apurações da Polícia Federal. Na época, foi apontado ainda que servidores teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema para coagir colegas e evitar a expulsão da Abin.
Já em janeiro deste ano, a corporação cumpriu outra fase da operação, chamada de Vigilância Aproximada, e que teve como principal alvo Alexandre Ramagem, que foi diretor-geral da Abin na gestão de Bolsonaro. Na época, o ex-presidente também foi alvo dos agentes da PF.
Ramagem é próximo da família do ex-presidente e foi lançado pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições que vão acontecer em outubro deste ano. Foi na gestão dele na Abin, entre julho de 2019 e abril de 2022, que a PF identificou o uso de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis (GPS) sem a devida autorização judicial por servidores.