BRASÍLIA - O ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, contou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o alvo inicial dos irmãos Brazão era o então deputado estadual do Psol do Rio de Janeiro Marcelo Freixo. 

O ex-parlamentar, que atualmente comanda a Embratur e está filiado ao PT desde 2023, era um dos expoentes da política de esquerda no enfrentamento às milícias, à grilagem de terras e ao crime organizado no estado.

Ronnie Lessa contou que, como ex-policial, tinha a senha de um sistema de consultas de endereços por CPF e nomes de cidadãos do cadastro da Polícia Civil. Ele recebia cerca de R$ 100 por busca e que entre vários nomes que chegaram a ele estava o do deputado federal Chico Alencar (Psol)

Mas a primeira proposta de “ficar milionário” veio do miliciano Edimilson Oliveira da Silva, ex-sargento da Polícia Militar (PM) conhecido como Macalé. Amigo de anos de Ronnie, ele o convidou para participar de um assassinato e a consulta do endereço de Freixo. Foi então que o ex-PM disse ter “caído a ficha”, mas Freixo andava com diversos seguranças

“Eu disse a ele que era loucura. Que não teria como dar um tiro de sniper em Niterói - porque eu nem disse a ele o endereço, só falei que era em Niterói - sem sair de lá [que é uma ilha], atravessar a ponte sem ser preso. Além de que seria uma afronta, aquilo [de dar um tiro de sniper para matar alguém tão importante] nunca tinha acontecido no Rio”, relatou.

Macalé era um miliciano influente no Rio, segundo Lessa, do tipo que tinha vários telefones de baixo custo e operacionalização em que em cada um servia para falar com uma pessoa exclusivamente. “Ele tinha uma daquelas bolsinhas de carregar chuteira, sabe, cheias de aparelhos e carregadores. E em cada celular tinha uma ‘etiquetinha’ com o nome com quem ele falaria naquele [aparelho] ali. Era um pra cada um”, afirmou. Macalé morreu assassinado em 2021.

Até que Macalé chegou com a grande proposta: matar Marielle por R$ 25 milhões. Mas o nome foi apresentado a ele por Domingos Brazão. "Foi ganância que eu caí. A minha vida já estava organizada, não precisava ter feito essa besteira.

Ronnie contou que uma das condições para matar Marielle era de que os disparos não fossem feitos “de jeito algum” quando a vereadora estivesse saindo da Câmara Municipal do Rio. O proósito era não chamar atenção para um crime político. 

"Ela virou uma pedra no caminho deles. E o Domingos dizia 'nós temos que tirar a pedra do caminho'", referindo-se às dificuldades que a vereadora imporia à grilagem de terra esquematizada pelos irmãos. 

"Eles queriam, isso na minha opinião, dar uma pancada na cabeça do Psol para que ninguém mais do partido se colocasse contra eles. A Marielle foi infeliz de ter batido de frente com eles depois que eu tirei da cabeça do Macalé matar o Freixo", disse Ronnie Lessa no depoimento.

Prisões foram feitas em março

Domingos, Chiquinho e Rivaldo foram presos em março deste ano pela Polícia Federal. As prisões tiveram como base a delação premiada de Ronnie Lessa, que confessou em depoimento ser o assassino de Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018. Após a análise do relatório, Moraes tornou o trio réu no processo. 

De acordo com o ex-policial militar, ao executarem o plano de assassinato da vereadora Marielle Franco, ele e seus comparsas iriam receber um loteamento clandestino em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, avaliado em R$ 100 milhões. O local seria explorado pela milícia. Segundo Lessa, o valor alto contribuiu para que ele aceitasse fazer parte do esquema.

Além de confessar o crime, Lessa relatou ter se encontrado com Chiquinho e Domingos Brazão pelo menos três vezes próximo a um hotel na Barra da Tijuca, sempre à noite. Segundo o delator, nessas ocasiões, os irmãos mencionaram que Marielle “era uma pedra no caminho”. 

O ex-policial também afirmou que, durante esses encontros, foi discutido que o delegado Rivaldo Barbosa estava envolvido no plano e que os protegeriam da investigação após o assassinato. Além de Lessa, o Macalé (apelido do ex-PM Edimilson de Oliveira), participava das negociações. Ele, apontado como responsável por fornecer a arma para o crime, foi assassinado em novembro de 2021. 

A defesa de Domingos Brazão afirmou que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa e que não há provas da narrativa apresentada. Já os advogados de Chiquinho afirmaram que a delação de Lessa "é uma desesperada criação mental na busca por benefícios, e que são muitas as contradições, fragilidades e inverdades".

A defesa de Rivaldo Barbosa, por sua vez, alegou que ele nunca teve contato com supostos mandantes do crime e que não há registro de recebimento de valores provenientes de atos ilícitos. Também criticou a atuação da PF, dizendo que o relatório da investigação se baseia só nas palavras de um assassino, sem provas concretas.

Prisões foram feitas em março

Domingos, Chiquinho e Rivaldo foram presos em março deste ano pela Polícia Federal. As prisões tiveram como base a delação premiada de Ronnie Lessa, que confessou em depoimento ser o assassino de Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018. Após a análise do relatório, Moraes tornou o trio réu no processo. 

De acordo com o ex-policial militar, ao executarem o plano de assassinato da vereadora Marielle Franco, ele e seus comparsas iriam receber um loteamento clandestino em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, avaliado em R$ 100 milhões. O local seria explorado pela milícia. Segundo Lessa, o valor alto contribuiu para que ele aceitasse fazer parte do esquema.

Além de confessar o crime, Lessa relatou ter se encontrado com Chiquinho e Domingos Brazão pelo menos três vezes próximo a um hotel na Barra da Tijuca, sempre à noite. Segundo o delator, nessas ocasiões, os irmãos mencionaram que Marielle “era uma pedra no caminho”. 

O ex-policial também afirmou que, durante esses encontros, foi discutido que o delegado Rivaldo Barbosa estava envolvido no plano e que os protegeriam da investigação após o assassinato. Além de Lessa, o Macalé (apelido do ex-PM Edimilson de Oliveira), participava das negociações. Ele, apontado como responsável por fornecer a arma para o crime, foi assassinado em novembro de 2021. 

A defesa de Domingos Brazão afirmou que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa e que não há provas da narrativa apresentada. Já os advogados de Chiquinho afirmaram que a delação de Lessa "é uma desesperada criação mental na busca por benefícios, e que são muitas as contradições, fragilidades e inverdades".

A defesa de Rivaldo Barbosa, por sua vez, alegou que ele nunca teve contato com supostos mandantes do crime e que não há registro de recebimento de valores provenientes de atos ilícitos. Também criticou a atuação da PF, dizendo que o relatório da investigação se baseia só nas palavras de um assassino, sem provas concretas.