Por duas horas na manhã deste domingo, representantes de todas as forças de segurança de Minas Gerais marcharam pela avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, no desfile militar de 7 de setembro. A celebração da independência do Brasil, que em 2025 completa 203 anos, é tradicional, mas neste ano ganhou contornos mais políticos e ideológicos. Ao mesmo tempo em que ocorria o desfile, a direita se reunia na praça da Liberdade para pedir a anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto a esquerda clamava pela soberania nacional na praça Raul Soares.
A política também se fez por presenças e ausências no palanque de autoridades na Afonso Pena. O governador Romeu Zema (Novo) compareceu antes de seguir para São Paulo para participar de uma manifestação da direita. Já o prefeito Álvaro Damião (União Brasil), esperado ao lado de Zema, faltou à cerimônia – devido a uma gripe forte, de acordo com o governo municipal.
O desfile foi acompanhado por um público que brandia bandeiras do Brasil e de Minas Gerais e exaltava o patriotismo sem mencionar as disputas entre esquerda e direita que movimentavam outros pontos da cidade. Com o filho Pedro, de 4 anos, nos ombros, o administrador Luiz Otávio de Silveira, 54, aguardava o início da cerimônia ao lado da esposa, a turismóloga Débora Becheleni, 41, e da filha Alice, de 1 ano. “Venho todo ano para dar sequência ao patriotismo com as crianças. Temos que valorizar o que temos, o país onde moramos e os nossos valores, principalmente respeito, educação, disciplina e organização”, diz Silveira. Com um boné de estampa camuflada do Exército, Pedro conta que sonha em ser bombeiro e, de tanto fascínio pelas forças de segurança, é capaz de diferenciar os sons das sirenes da polícia, dos bombeiros e das ambulâncias.

Para o porta-voz dos bombeiros, tenente Henrique Barcellos, o evento é uma oportunidade de aproximação do público. “Sabemos que os bombeiros e as outras forças lidam com emergências e encontram os cidadãos muitas vezes no pior momento da vida de cada um. Chegar próximo em um dia como este é uma oportunidade de aproximação e de mostrar nosso propósito”, pondera. Participaram as três Forças Armadas, as polícias Civil, Federal, Militar e Rodoviária, o Corpo de Bombeiros, a Guarda Municipal e os colégios Militar do Exército, Tiradentes e outras escolas militares. Também passam pela avenida carros históricos das forças de segurança, como o American La France, dos bombeiros, que carregou a seleção brasileira vitoriosa na Copa nos anos 70.
Com viagem marcada para São Paulo, Zema não permaneceu no desfile até o fim e não deu entrevista antes ou após o evento. Ao seu lado no palanque, em vez de políticos estavam autoridades de outras instituições mineiras: a defensora pública-geral de Minas Gerais, Raquel Gomes da Costa Dias, e o comandante da 4ª Região Militar, general de divisão Adriano Fructuoso da Costa, que passou parte do tempo conversando com o governador.