BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes chamou o tenente-coronel Mauro Cid de “mentiroso” e ameaçou tirar dele os benefícios do acordo de delação premiada no inquérito que investiga uma suposta trama golpista no Brasil em 2022.

“Eu quero fatos, por isso eu marquei essa audiência”, disse o magistrado logo ao iniciar a audiência.

Relator do caso no Supremo, Moraes convocou Cid para um novo depoimento em 22 de novembro de 2024 após a Polícia Federal (PF) identificar contradições e omissões em oitivas anteriores do militar do Exército, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao iniciar o depoimento, Moraes fez uma introdução do que levava àquela nova audiência e informou a Mauro Cid que não toleraria inverdades, falta de informações ou denúncias seletivas em que uns fossem incriminados e outros, poupados.  

“O colaborador tem também obrigações. E a maior delas, é falar a verdade, é não se contradizer. Não há, na colaboração premiada, essa ideia de que só respondo o que me perguntam. Não!”, reforçou o ministro, diante de Cid e dos dois advogados responsáveis por defendê-lo. O procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, também acompanhou o interrogatório. 

“Após essa nova fase da investigação, onde vários documentos foram juntados aos autos,  onde celulares, mensagens de celulares, mensagens de computadores e novos laudos foram juntados, se percebeu que há uma série de omissões e uma série de contradições - eu diria aqui, com todo respeito, uma série de mentiras na colaboração premiada”, continuou. 

Defesa de Cid diz que foi pega de surpresa por cliente não dizer tudo que sabia

Os advogados Cezar Bittencourt e Vania Bittencourt disseram a Alexandre de Moraes que foram surpreendidos pela falta de informações e omissões de seu cliente e que ele estava ali disposto a contar tudo que sabia. 

Como benefício do acordo de delação premiada, Mauro Cid pediu que sua pena não ultrapassasse dois anos de detenção, que bens apreendidos dele e da família fossem devolvidos e que as vantagens garantidas a ele para dizer o que sabia fossem estendidas ao pai, à esposa e à filha mais velha. A todos ele a Polícia Federal deveria, também garantir proteção e segurança.