BRASÍLIA — A manhã seguinte à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado foi marcada por reuniões dele com aliados e ainda pela derrubada do sigilo da delação premiada de Mauro Cid, ajudante de Ordens, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Em reação à série de acontecimentos, neste início de tarde de quarta-feira (19), Bolsonaro foi às redes sociais e teceu críticas à denúncia do procurador-geral Paulo Gonet Branco.
Ele endossou o argumento de interlocutores e repetiu ser vítima de perseguição, atribuindo um caráter 'autoritário' ao governo brasileiro. “O mundo está atento ao que se passa no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é novo: todo regime autoritário em sua ânsia pelo poder precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias”, alegou em publicação no X.
Citando Venezuela, Nicarágua, Cuba e Bolívia, Bolsonaro declarou que o Brasil repete a cartilha adotada pelos regimes autoritários e classificou as acusações contidas na denúncia da PGR como “vagas”.
- O mundo está atento ao que se passa no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo: todo regime autoritário, em sua ânsia pelo poder, precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias.… pic.twitter.com/VGM7hcAj2v
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 19, 2025
Defesa reagiu à denúncia após entrega do documento ao STF
Ainda na terça-feira (18) à noite, advogados de Jair Bolsonaro expressaram indignação com a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. O grupo nega a participação do então presidente da República em uma arquitetura golpista para mantê-lo no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente democraticamente eleito em 2022.
“A despeito de quase dois anos de investigações, nenhum elemento que conectasse minimamente o presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado”, argumentam os advogados. “Não há nenhuma mensagem do presidente da República que embase a acusação”, acrescentam.
A nota distribuída nos canais de Bolsonaro no Telegram, no WhatsApp e nas redes sociais encerra a manifestação afirmando que ele 'confia na Justiça' e 'acredita que a denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos'.