BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes informou ao tenente-coronel Mauro Cid que mentiras e omissões de informações descobertas em conversas e arquivos apagados por ele em um aplicativo de mensagens o levariam imediatamente de volta à prisão.
Moraes também ameaçou o militar, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de anular o acordo de delação premiada homologado pelo STF, e suspender os benefícios que seriam concedidos a ele, ao pai, à esposa e à filha maior.
O alerta foi dado logo na abertura do depoimento de Cid, realizado em 22 de novembro de 2024 no plenário de audiências do Supremo, e teve o conteúdo registrado em vídeo.
Assista esse trecho do depoimento:
Alexandre de Moraes avisa a Mauro Cid que volta à prisão foi pedida por ele mentir em depoimento. Ministro do STF informa ao tenente-coronel que tanto a PGR quanto a PF solicitaram nova detenção ao notarem omissões e inverdades descobertas em mensagens de celular. pic.twitter.com/63RCmsahlc
— O Tempo (@otempo) February 20, 2025Nesta quinta-feira (20), Alexandre de Moraes derrubou o sigilo das imagens e dos áudios com os depoimentos da delação premiada de tenente-coronel. A decisão ocorre dois dias após o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, denunciar ao Supremo Tribunal Federal (STF) Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Foi o próprio PGR quem pediu a queda do sigilo dos vídeos e de outros dados sigilosos da investigação realizada pela PF, que inclui outros episódios, como o da chamada Abin paralela e do uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para interferir no processo de votação no segundo turno nas eleições de 2022. Cid falou sobre esses casos em interrogatórios.
“Após essa nova fase da investigação, onde vários documentos foram juntados aos autos, onde celulares, mensagens de celulares, mensagens de computadores e novos laudos foram juntados, se percebeu que há uma série de omissões e uma série de contradições - eu diria aqui, com todo respeito uma série de mentiras na colaboração premiada”, informou Moraes.