BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que “não se alegra” com sanções pessoais ou familiares impostas por outros países, mas que a solução para evitar impactos econômicos ao Brasil “está nas mãos das autoridades brasileiras”. No texto, Bolsonaro condiciona essa saída à anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

A declaração foi feita neste sábado (12) em publicação na rede X, ao comentar as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às exportações brasileiras. Ao comunicar as sanções, o republicano saiu em defesa de Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal. 

"A carta do Presidente @realDonaldTrump tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia. Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, a quem quer que seja. Não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essa tarifa de 50%”, escreveu Bolsonaro. 

“Todos conhecem a forma como o chefe da maior potência do mundo negocia. Há pouco seu vice disse na Europa que não mais colocaria recursos do contribuinte americano para defender países que deixaram de lado valores comuns a seus povos. O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto”, continuou o ex-presidente.

Segundo Bolsonaro, o caminho para a pacificação institucional e que pode abrir espaço para a solução do impasse com o governo norte-americano passa pela anistia, o que também beneficia ele: “A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia”.

Entenda

Na última quarta-feira (9), o presidente norte-americano Donald Trump endereçou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que impunha uma sobretaxa de 50% sobre todas as exportações brasileiras nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Ele ainda ameaçou o país a não retaliar e fez exigências.

No informe, Trump cita nominalmente Bolsonaro e diz que o ex-presidente sofre uma "caça às bruxas". O norte-americano também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e atacou as decisões da Corte contra plataformas digitais que não cumprem a legislação brasileira - a exemplo de Rumble e X, que são norte-americanas. 

O Brasil respondeu. Horas depois, o presidente Lula publicou uma nota e garantiu que o aumento das tarifas sobre os produtos brasileiros será respondido com a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil adotar medidas contra países que adotam tarifas unilaterais. A regulamentação deve ser publicada nesta terça-feira (15)