BRASÍLIA - O tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarou nesta segunda-feira (14) que Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, alterou a primeira versão da suposta ‘minuta golpista’ a pedido de Bolsonaro. 

Segundo seu depoimento, a primeira versão previa prisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Posteriormente, o documento foi alterado a pedido de Bolsonaro, e apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes foi mantida na suposta ‘minuta do golpe’. 

O novo texto foi, então, apresentado aos comandantes das Forças Armadas e ao ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, em reunião posterior. Ele foi ouvido no STF nesta segunda-feira, como testemunha dos núcleos 2, 3 e 4 da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Apesar de ser réu no processo, integrante do “núcleo crucial”, o militar depôs na condição de delator. 

Monitoramento de Moraes contava com ‘informante’ no TSE 

Marcelo Câmara, também ajudante de ordens da Presidência, tinha um juiz "informante" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, possivelmente, passava dados de deslocamento do ministro Alexandre de Moraes, à época presidente do TSE. 

De acordo com o depoimento, o monitoramento de Moraes foi solicitado por Bolsonaro após ter recebido informações de que o magistrado se encontraria com o então vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em São Paulo, após a eleição de 2022. 

"Como a estrutura da Presidência já estava desarticulada, solicitei ao major Câmara que verificasse a informação", relatou Cid.  

Ao ser questionado por Moraes como Câmara obteve dados de deslocamento do ministro, Cid informou que "ele tinha um juiz internamente que passava informação, no TSE, em relação às urnas, até onde eu sabia".