BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes marcou as audiências de instrução de testemunhas de réus dos núcleos 3 e 4 do suposto plano de golpe de Estado. Nesta fase, serão ouvidas pessoas indicadas pela acusação e pela defesa dos grupos formados por militares “kids pretos” e por agentes que atuavam em desinformação. 

As testemunhas do núcleo 3 prestarão depoimento entre os dias 21 e 23 de julho. Já as indicadas pelo núcleo 4 devem falar entre os dias 14 e 16 de julho.

Na lista de pessoas que serão ouvidas, estão o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que integra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outros nomes são os dos ex-comandantes das Forças Armadas Marco Antônio Freire Gomes, que compôs o Exército, e Carlos de Almeida Baptista Júnior, da Aeronáutica. 

Os atores da suposta trama golpista foram divididos em quatro núcleos. O primeiro deles conta com os articuladores políticos do esquema, tendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu, como líder. O núcleo 1 já passou da fase de instrução e a expectativa é que o julgamento comece até o início de setembro

O núcleo 2 aponta os responsáveis pela operacionalização das ações que levaram ao suposto plano de golpe, como o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques. A fase de oitiva das testemunhas desse grupo será entre 14 e 21 de julho. 

Integrantes do núcleo 3, os “kids pretos” são militares das Forças Especiais do Exército. Eles são assim conhecidos por causa das balaclavas de cor preta que costumam usar em operações. São altamente treinados com técnicas de ações de sabotagem e incentivo à insurgência popular. Essas ações são descritas pelo Exército como “operações de guerra irregular”.  

Fazem parte desse grupo de réus os coronéis Bernardo Romão Correa Netto, Fabrício Moreira de Bastos e Márcio Nunes de Resende Jr., além dos tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, Ronald Ferreira de Araújo Jr. e Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros. Ainda, o general da reserva Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira e o agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares. 

Já o núcleo 4 foi formado, de acordo com o processo, por pessoas acusadas de espalhar notícias falsas e atacar autoridades e instituições, incluindo o sistema eleitoral brasileiro. Essa lista também tem como réus militares do Exército, como o ex-major Ailton Moraes Barros, o major da reserva Ângelo Denicoli, o subtenente Giancarlo Rodrigues, o tenente-coronel Guilherme Almeida e o coronel Reginaldo Abreu. 

Ainda, o agente da Polícia Federal Marcelo Bormevet e o presidente do Instituto Voto Legal Carlos Cesar Moretzsohn Rocha. 

Os réus respondem pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.