BRASÍLIA - O ex-número 2 da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal Fernando de Sousa Oliveira afirmou nesta quinta-feira (24/7) que a ida de férias do então chefe da pasta Anderson Torres aos Estados Unidos às vésperas dos atos do 8 de janeiro de 2023 foi uma surpresa até para o governador do DF, Ibaneis Rocha.
Réu no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022, Fernando declarou em interrogatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) que só foi informado da saída de Torres do país na noite anterior à viagem. Ele havia sido nomeado ao cargo em 4 de janeiro, dois dias após o secretário.
Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e parte do núcleo 2 de investigados pelo Supremo, o ex-subordinado de Anderson Torres afirmou que teve uma “sequência de surpresas” após tomar posse na Secretaria de Segurança Pública.
A primeira teria sido a dispensa de transição do cargo com seu antecessor pelo secretário. A segunda foram as férias imediatas do novo secretário e ausência do país na mesma semana da nomeação, informada a ele na véspera da viagem.
“Foi me comunicada na quinta-feira (5/1). Já estávamos dando início ao planejamento operacional [de segurança do DF em razão dos acampamentos no QG do Exército] e sou surpreendido com a viagem ao exterior”, disse.
Toda saída de um secretário do país depende de autorização do governador do estado ou do Distrito Federal e a publicação no Diário Oficial para que haja uma substituição legal da função - o que, segundo ele, não teria ocorrido.
“Eu tive o primeiro contato com o governador no sábado (7/1) às 14h. Porque ele liga para o dr. Anderson e, pelo que entendi, também descobre que o dr. Anderson estava nos Estados Unidos e aí o dr. Anderson me passa o telefone: ‘Olha, fala com o governador que ele tá preocupado com a manifestação’”, afirmou Fernando.
Coordenação da Segurança Pública do DF
Nesta quinta-feira (24/7), o STF deu início aos interrogatórios dos réus dos chamados núcleo 2 e 4 da tentativa de golpe de Estado que buscava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023.
O núcleo 2 é composto por civis e militares envolvidos na disseminação de informações falsas, na instigação ao caos institucional e nos contatos com autoridades, visando minar a legitimidade das eleições.
Já o núcleo 4 inclui operadores logísticos e de segurança, supostamente responsáveis por facilitar a execução das ações do plano golpista.
Ao ser convidado para assumir o subcomando da Secretaria de Segurança do DF em janeiro de 2023, foi acordado com Fernando que ele cuidaria da parte operacional da pasta e que Torres trataria da gestão política junto ao governador, além de atendimento à imprensa.