BRASÍLIA – A defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa nesta terça-feira (29/7) na Itália, afirmou que a parlamentar se apresentou espontaneamente à às autoridades italianas e não foi denunciada e capturada pelos policiais do país. A declaração contesta a versão da Polícia Federal (PF) e do deputado italiano Angelo Bonelli, que informou ter indicado à polícia do país o paradeiro de Zambelli. 

De acordo com a PF, Zambelli foi detida em uma ação conjunta com a Interpol e autoridades italianas. A deputada é considerada foragida desde que teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, em meio às investigações que apuram milícias digitais e tentativas de obstrução do Judiciário.

Em um vídeo postado em seu perfil nas redes sociais, o advogado Fábio Pagnozzi, que se apresenta como defensor da deputada, disse que Zambelli aguardava apenas um posicionamento oficial das autoridades para se apresentar. 

“Ela decidiu se entregar espontaneamente às autoridades italianas, mostrar seu endereço e colaborar administrativamente com os pedidos das autoridades”, declarou. Segundo ele, a deputada busca ser julgada com imparcialidade.

"Eu não vou voltar para o Brasil", acredita Zambelli 

Na mesma publicação, Zambelli declarou, antes da prisão, estar “tranquila e serena” e reforçou que pretende ser julgada pela Justiça italiana, não pela brasileira. “Aqui nós temos ainda justiça e democracia. Não temos um ditador no poder. Não temos a autoridade ditatorial de Alexandre de Moraes e seus comparsas da Suprema Corte”, afirmou.

Ela disse ainda que não estava fugindo, mas “resistindo”, e que permanecerá na Itália com o objetivo de demonstrar sua inocência, sem intenção alguma de cumprir a pena de 10 anos de detenção determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

“Eu não vou voltar para o Brasil para cumprir pena no Brasil. Se eu tiver que cumprir qualquer pena, vai ser aqui na Itália, que é um país justo, ainda democrático. [...] Eles vão perceber que eu sou inocente, porque eu não ordenei a evasão ao CNJ [Conselho Nacional de Justiça]. Tomaram a palavra de um mentiroso que mudou cinco vezes o depoimento dele”, disse, referindo-se a um dos principais delatores do caso, o hacker Walter Delgatti.

Em outro trecho, a parlamentar afirmou que sua fé a mantém firme: “Estou com a alma limpa, o coração tranquilo. Eu não estou aqui fugindo. Estou aqui resistindo, por vocês, pelos meus amigos, pela minha família e pela nossa pátria.”