BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) pediu mais tempo para concluir o inquérito que apura a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. A solicitação foi encaminhada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Relator do caso, cabe a Moraes acatar ou não a extensão do prazo. A PF tem, normalmente, 60 dias para conduzir as investigações, mas não especificou, no documento, quanto tempo a mais precisa para entregar um relatório com suas conclusões.

Eduardo Bolsonaro foi alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). O inquérito foi aberto por Moraes no final de maio. Ele é acusado de tentar constranger e intimidar autoridades brasileiras por meio da articulação de sanções internacionais. 

O parlamentar licenciado teria feito diversas manifestações públicas pedindo ao governo do presidente Donald Trumo nos EUA medidas como cancelamento de vistos, bloqueio de bens e outras restrições econômicas. As medidas configuram, em tese, atentado à soberania nacional. 

O deputado se mudou para os Estados Unidos em março deste ano e, de lá, anunciou que buscaria punições contra autoridades envolvidas em investigações que miram sua família, especialmente seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Eduardo citou, diretamente, a busca de sanções para Moraes. Além deste caso, o ministro do STF é relator, por exemplo, de processos envolvendo os atos de 8 de janeiro de 2023, que terminaram na invasão às sedes dos Três Poderes, e da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. 

No caso da trama golpista, são réus Jair Bolsonaro e nomes que cercaram o governo do ex-presidente. A ação evolvendo o chamado “núcleo crucial” do golpe, que incluiu os supostos articuladores do esquema criminoso, está na fase das alegações finais. A previsão é que o julgamento, que decidirá se os réus serão condenados ou não, comece até o início de setembro.  

Jair Bolsonaro prestou depoimento à PF em 5 de junho sobre o inquérito contra Eduardo. O ex-presidente foi chamado para esclarecer a declaração de que paga a permanência do filho nos EUA com dinheiro arrecadado via Pix de seus apoiadores.  

No depoimento, ele admitiu que mandou US$ 350 mil para Eduardo no dia 13 de maio, valor que representa cerca de R$ 2 milhões na cotação atual, e que o dinheiro foi retirado de doações de apoiadores que renderam mais de R$ 17 milhões nos últimos anos.