BRASÍLIA – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Jair Bolsonaro seja ouvido pela Polícia Federal (PF) até esta sexta-feira (22/8), na superintendência da corporação, em Brasília. O horário ainda não havia sido informado até a publicação deste texto.
A decisão ocorreu após relatório da corporação apontar que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares, participou de articulações para constranger ministros do STF e preparou um plano de fuga para a Argentina.
Além de Bolsonaro, seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o pastor Silas Malafaia e o comentarista Paulo Figueiredo são citados no documento.
De acordo com a PF, os investigadores encontraram no celular de Bolsonaro um pedido de asilo político redigido em 33 páginas e direcionado ao presidente argentino Javier Milei.
Também foram identificadas conversas que revelam estratégias de pressão contra o STF, incluindo diálogos com o advogado norte-americano Martin de Luca, ligado à Trump Media & Technology Group e à plataforma Rumble, que ajuizou ações contra Moraes nos Estados Unidos sob alegação de censura.
O relatório descreve ainda que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo buscaram apoio de autoridades norte-americanas para que Washington impusesse sanções contra ministros do Supremo. Malafaia, por sua vez, teria atuado como orientador político, incentivando o ex-presidente a condicionar negociações comerciais com os EUA à aprovação de uma anistia no Brasil.
Malafaia orientou Bolsonaro a mentir sobre sanções impostas a ministros do STF
Em mensagens, o pastor chega a sugerir que Bolsonaro finja se opor às sanções impostas por Donald Trump ao Brasil e a integrantes do STF, enquanto nos bastidores usaria o tema como moeda de troca.
As investigações revelam também que Bolsonaro violou a restrição de uso de redes sociais ao compartilhar vídeos sobre as sanções de Trump contra Moraes e promover eventos.
Além disso, a PF recuperou áudios e mensagens apagadas que indicam embates internos na família Bolsonaro. Em uma das conversas, Eduardo chega a chamar o pai de ingrato e a xingá-lo com palavrões após críticas de Bolsonaro em defesa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
No mesmo despacho dessa quarta-feira (20/8), a Procuradoria-Geral da República (PGR) também recebeu de Moraes prazo de 48 horas para se manifestar sobre o indiciamento de Bolsonaro e Eduardo. O caso amplia a pressão sobre o ex-presidente, já réu no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Agora, com os novos elementos levantados pela PF, o Supremo deverá decidir se amplia as restrições contra Bolsonaro, que já cumpre medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de deixar o país.