BRASÍLIA – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta segunda-feira (25) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é a “única saída” para evitar a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado.
“Falo isso bem antes da eleição do Trump. Se o Trump não ganhar a eleição nos Estados Unidos, nós estamos mortos. E parecia que ele não ia ganhar. Ganhou”, declarou Valdemar em evento com empresários organizado pelo grupo Esfera Brasil.
“O Trump é a única saída que nós temos. Não temos outra. Esse é o nosso problema, todos estão apoiando o Alexandre de Moraes [ministro do Supremo Tribunal Federal], a maioria. Então, nós só temos uma chance: o Trump”, completou o presidente do PL ainda no evento realizado em São Paulo.
Valdemar não disse como seria a “saída” com Trump, que já impôs tarifa de 50% a produtos brasileiros e aplicou a Lei Magnitsky contra Moraes, relator da ação da trama golpista. Trump disse que tomou as medidas por causa das ações de Moraes contra Bolsonaro.
Para o presidente do PL, Bolsonaro sofre uma “perseguição constante”. Mas Valdemar disse acreditar que Trump vencerá a “guerra” contra Moraes. “É uma guerra e eu não acho que o Trump vai perder”, disse. Ele ainda afirmou que Trump tem simpatia por Bolsonaro porque o ex-presidente brasileiro demorou a reconhecer a vitória de Joe Biden, em 2020.
No mesmo evento com empresários, o presidente do PL ainda defendeu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se mudou para os Estados Unidos em março dizendo que só voltaria ao Brasil após conseguir a anistia do pai e o impeachment de Moraes.
Valdemar afirmou que Eduardo está “fazendo a parte dele em defender o pai”, mas que age de forma independente, “por conta própria”, sem consultar o partido. No entanto, para Valdemar, o parlamentar tem ajudado a oposição.
“O Eduardo faz todas as coisas por conta própria. Ele não consulta o partido. Não estou me lamentando por isso. Não tem problema nenhum. Ele está ajudando. Faz a parte dele e faz o que ele devia fazer, que é defender o pai dele”, afirmou Valdemar.
“Quando acontece alguma coisa, como aconteceu com o irmão, com o (vereador) Carlos, que fez uma crítica para os governadores, é a situação. O 'camarada' perde o controle de ver a situação que o pai está", emendou o dirigente partidário.
PGR tem até quarta (27/8) para se manifestar sobre Bolsonaro
O STF marcou para 2 de setembro a primeira das sessões do julgamento sobre a suposta trama golpista, que tem Jair Bolsonaro e outros sete como réus. Além das sessões de manhã e à tarde no dia 2, há sessões previstas para os dias 3, 9, 10 e 12 de setembro.
Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, devido a descumprimento de ordem judicial que o impedia de usar redes sociais. Ele só pode deixar a casa onde mora, em um condomínio de Brasília, com autorização de Moraes.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) tem até a manhã da próxima quarta-feira (27/8) para apresentar um parecer sobre as explicações dadas por Jair Bolsonaro a respeito de supostos descumprimentos de medidas cautelares.
O prazo de 48 horas começou a contar na manhã desta segunda-feira (25/8), após o STF enviar as manifestações da defesa de Bolsonaro. Essas manifestações foram protocoladas por volta das 10h30, iniciando o período para análise pela PGR.
Os esclarecimentos foram exigidos por Alexandre de Moraes na semana passada, após relatório da Polícia Federal (PF) apontar violações às decisões judiciais, incluindo contatos proibidos, planejamento de fuga do Brasil e condutas ilícitas reiteradas.
Antes de o ministro decidir sobre o futuro do caso, a avaliação das justificativas entregues pela defesa de Bolsonaro será feita pela PGR. Essa análise determinará se as justificativas apresentadas são suficientes para afastar ou reforçar os riscos já apontados pela investigação relacionada à trama golpista.
Na última sexta-feira (22/8), a defesa de Bolsonaro apresentou os esclarecimentos em um documento de 12 páginas. Segundo os advogados, a PF fez uso político contra o ex-presidente, negou a tentativa de fuga e afirmou que não descumpriu as medidas cautelares.