BRASÍLIA – O governo brasileiro prepara uma resposta oficial à investigação aberta por Washington contra o Brasil por supostas “práticas comerciais desleais”. Coordenado pelo Itamaraty, o documento será enviado aos Estados Unidos até 18 de agosto, segundo anunciou nesta terça-feira (5/8) o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Durante reunião do Conselhão, colegiado que reúne ministros, empresários e representantes da sociedade civil, o chanceler afirmou que a reação brasileira está em fase final de elaboração. “O Itamaraty está coordenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”, disse.

Vieira classificou como “absolutamente legítimas” as medidas brasileiras que vêm sendo questionadas pelos EUA, incluindo a regulação de plataformas digitais e o uso do sistema Pix, alvo de críticas indiretas no relatório norte-americano. “A integridade das nossas instituições não é negociável”, completou.

A crise teve início em julho, quando o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) anunciou uma investigação com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 — mesmo dispositivo usado no passado para justificar sanções comerciais à China. A medida foi adotada a pedido do ex-presidente Donald Trump, que voltou a criticar políticas econômicas brasileiras.

No comunicado oficial, Trump citou “ataques contínuos do Brasil contra empresas de mídia social norte-americanas” e prometeu medidas duras, como uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras. Ele também apontou um suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil — algo que os dados desmentem: desde 2009, os norte-americanos exportam mais para o Brasil do que importam.