BRASÍLIA – O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, que é delator na tentativa de golpe de Estado, voltará a encarar um antigo aliado do ex-presidente. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta quarta-feira (6/8) uma acareação entre ele e o coronel da reserva Marcelo Câmara, marcada para a próxima quarta-feira (13).
Ambos estão envolvidos nas investigações que apuram a organização de um plano para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Réu por tentativa de golpe, Câmara está preso preventivamente por suspeita de tentar acessar ilegalmente dados da delação de Mauro Cid. A defesa dele solicitou a acareação para esclarecer pontos considerados contraditórios nos relatos do tenente-coronel, hoje colaborador da Justiça.
Entre os principais pontos citados, estão as declarações de Cid de que Marcelo Câmara teria acessado minutas de teor golpista debatidas no Palácio da Alvorada, monitorado autoridades como o ministro Alexandre de Moraes e os então candidatos eleitos Lula (PT) e Geraldo Alckmin, e atuado em articulações com o chamado "núcleo do golpe", incluindo ligações com o influenciador Rafael Martins de Oliveira, o “kid preto”.
Cid vai encarar segunda acareação no STF
Prevista no Código de Processo Penal, a acareação é usada quando há divergências nos depoimentos prestados por investigados ou testemunhas e permite o confronto direto entre eles.
Essa será a segunda acareação envolvendo Mauro Cid em menos de dois meses. Em 24 de junho, ele ficou frente a frente com o general Walter Braga Netto, ex-vice na chapa de Bolsonaro. Na ocasião, a defesa de Braga Netto afirmou que o general o chamou de "mentiroso" durante o encontro. Os advogados de Cid negam a versão.
Segundo as investigações da Polícia Federal, Marcelo Câmara integra o chamado “núcleo 2” da tentativa de golpe, encarregado da coleta de informações e inteligência que sustentariam medidas para subverter o resultado das eleições. Câmara nega todas as acusações.