MONITORAMENTO ILEGAL

Antes de morrer, ex-ministro de Bolsonaro acusou Carlos de fazer ‘Abin paralela’

Gustavo Bebianno, que rompeu com o bolsonarismo, afirmou ter alertado ex-presidente sobre a iniciativa

Por Levy Guimarães
Publicado em 29 de janeiro de 2024 | 15:27
 
 
 
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O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência do governo Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno, relatou, pouco antes de morrer, que o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, tinha planos de montar uma “Abin paralela” e que o então presidente da República foi alertado sobre as intenções do filho.

Nesta segunda-feira (29), Carlos foi alvo de busca e apreensão, pela Polícia Federal (PF), na operação Vigilância Aproximada, que mira o o esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Em entrevista ao programa Roda Viva, em março de 2020, Bebianno disse que ele e o ministro da Secretaria de Governo, o general Santos Cruz, alertaram Bolsonaro sobre os riscos da iniciativa.

“Um belo dia o Carlos me aparece com um nome de um delegado federal e de três agentes que seriam uma Abin paralela, porque ele não confiava na Abin. O general Heleno foi chamado, ficou preocupado com aquilo, mas o general Heleno não é de confrontos. E o assunto acabou ali com o general Santos Cruz e comigo. Nós aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma, porque muito pior que o gabinete de ódio, aquilo também seria motivo para impeachment. Depois eu saí, não sei se isso foi instalado ou não”, relatou Bebianno.

Doze dias depois da entrevista, Bebianno faleceu de infarto. Aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018, ele chegou a romper com o bolsonarismo logo nos primeiros meses de governo, em 2018. 

Carlos Bolsonaro é suspeito de ter recebido informações de forma irregular da atuação da Abin, sendo municiado de dados de inteligência para benefício próprio. Ao todo, a PF cumpriu nove mandados em endereços no Rio de Janeiro (RJ), em Angra dos Reis (RJ), Brasília (DF), Formosa (GO) e Salvador (BA). A corporação citou uma "organização criminosa que se instalou" na Abin e comentou sobre o objetivo de identificar o núcleo político envolvido no esquema.

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