A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, agradeceu apoio de magistrados e advogados durante sessão plenária da Corte, nesta quarta-feira, 26, após os ataques proferidos pelos ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ). A magistrada lembrou que, assim como ela, outros ministros da Corte também são alvos de ataques e passam por, aquilo que classificou como, “agruras que vão além de qualquer civilidade”.
“Eu gostaria de reafirmar de que nós temos a certeza, de que nós somos um tribunal - o Supremo Tribunal Federal e, por isso, a minha convicção”, afirmou Cármem Lúcia. “Eu tenho certeza que nós sabemos, entre nós, que diferente te tantas vezes que se diz por aí, que somos ilhas, [nós] somos um tribunal de um país, de um povo, a lutar para se fazer cumprir uma constituição, que, como já foi reiterado aqui, não é tarefa simples. Menos ainda, em horas de tentativa de subversão ou de erosão democrática e contra o Estado de Direito”, afirmou a ministra.
Em seguida, Cármen Lúcia continuou dizendo que dificuldades fazem parte, e que o Brasil e o Estado de Direito valem a pena. “A democracia vale o que cada um de nós faz”.
Ao citar os versos do livro Romanceiro da Inconfidência “’Pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: há os grandes sonhos dos homens, e a surda força dos vermes’”, Cármen Lúcia se vale do poema de Cecília Meirelles para reiterar que os ministros do STF lutam “pelo grande sonho dos homens, tal como foi desenhada na Constituição Brasileira, e, eu acho, que ainda continua valendo a pena”. Por fim, concluiu que “o atingimento de um ministro é de todos” .
Logo no início da sessão, a presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, repudiou os ataques de Roberto Jefferson e enalteceu "Cármen Lúcia. "Estrela de primeira grandeza. Não só da magistratura constitucional, como do magistério jurídico da academia e cidadã de primeira linha. Ela conta com nosso apoio, nossa colaboração e nosso carinho”, completou. “O Supremo Tribunal Federal é guardião da Constituição e, assim, continuará”, arrematou.
Em seguida, foi a vez do decano da Corte, o ministro Gilmar Mendes de se pronunciar. “A ciência de nosso papel no mundo possui um efeito quase que terapêutico quando nos defrontamos com um corvo e seus crocitos de mau agouro. Diante de nós, não faltam corvos a crocitar. Em alguns momentos, a sordidez moral é tamanha, que não é tarefa simples vislumbrar quaisquer aspectos positivos”, falou.
“A República sobreviverá. Porque a República é mulher. E que bom que temos a honra, alegria e satisfação de contar, neste caminho, com a eminente ministra Cármen Lúcia”, completou.