O deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) é alvo da Polícia Federal nesta terça-feira (29), na 15ª fase da Operação Lesa Pátria, que visa identificar pessoas que incitaram, participaram e fomentaram os atos criminosos de 8 de janeiro, em Brasília, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados.
Estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF, em Goiânia e Piracanjuba, ambas em Goiás. Amauri Ribeiro, que é deputado no estado, admitiu, em junho, no microfone da tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás, que financiou manifestações por uma intervenção militar para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República.
O parlamentar goiano ainda desafiou a Justiça dizendo que deveria estar preso por ser um “terrorista”, “bandido”, justamente por ter ajudado os participantes dos atos que pediam um golpe de Estado.
A fala ocorreu durante sessão ordinária, como um protesto contra a prisão do ex-comandante da Rotam em Goiás, coronel Benito Franco. O militar, que ficou 51 dias detido, após cumprimento de ordem judicial pela PF em uma das fases da Lesa Pátria, foi libertado dias depois mediante medida cautelares e vai responder processo por participar dos atos de 8 de janeiro.
“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, afirmou o deputado.
O coronel Benito Franco foi preso em 17 de abril, em Goiânia. Filiado ao PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, o oficial da Polícia Militar de Goiás, foi candidato a deputado federal por Goiás em 2022, mas os 10.343 votos não o levaram à Câmara dos Deputados. O coronel costumava usar as redes sociais para atacar políticos de esquerda e instituições democráticas, especialmente o STF. No fim do ano passado, o militar foi denunciado após gravar vídeos ameaçando que “o ladrão não sobe a rampa”. Ele se referiu a Lula.
Deputado disse que iria para rua armado contra vitória de Lula
Às vésperas do segundo turno de 2022, Amauri Ribeiro apareceu em um vídeo divulgado nas redes sociais prevendo uma "guerra civil" em caso de vitória de Lula e dizendo que, como reservista do Exército, iria para a rua "empunhar uma arma".
As imagens mostram o parlamentar ao microfone durante um ato em apoio a Bolsonaro em 22 de outubro, em São Miguel do Passa Quatro, a cerca de 85 quilômetros de Goiânia.
"Você está do lado errado. E deixa eu te falar: se o seu presidente [Lula] ganhar vai acontecer uma guerra civil no país e eu sou reservista. E se eu for convocado, eu vou para rua e vou empunhar uma arma. Deus que te livre de estar do outro lado nessa luta. E é isso que a gente tem que dizer", diz trecho do vídeo.
Parlamentar pode ser enquadrado na lei contra terrorismo
Sobre a operação desta terça, a PF diz, em nota que "os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo".
Também em nota, a defesa do de Amauri Ribeiro confirmou que a polícia esteve nas duas casas do parlamentar e que ele teve o celular apreendido. Além disso, informou que irá pedir acesso aos autores que originaram a medida cautelar de busca e apreensão.
Deputado responde processo por racismo e homofobia
Em 21 de janeiro, o Ministério Público do Estado de Goiás apresentou denúncia contra Amauri Ribeiro por considerar racista e homofóbica uma postagem nas redes sociais do parlamentar. Ele publicou a foto de uma mão branca apertando o punho de um braço negro, que usa uma roupa de arco-íris, que seria a bandeira LGBTQIA+, com a frase “na minha família não”. A Justiça aceitou a denúncia e o caso virou um processo criminal, ainda não julgado.