A ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edilene Lôbo defendeu nesta quinta-feira (30) a adoção de uma política de cotas, tanto para mulheres quanto para pessoas negras, em indicações de cargos de confiança. A magistrada, que assumiu a Corte Eleitoral em agosto como a primeira mulher preta a ocupar um cargo dessa relevância no país, enxerga que muitos caminhos ainda estão fechados para que a equidade racial e de gênero seja realmente alcançada nos meios de poder do país.

“Eu sou uma pessoa otimista com olhar muito atento para a realidade. E quando nós observamos a estrutura do Judiciário falando da composição entre homens e mulheres, note que eu não tô falando recorte racial ainda, é um funil invertido na base, nós temos um número muito importante de mulheres, ou seja quando a disputa ela se dá num plano de igualdade técnica”, destacou a ministra em entrevista a O TEMPO, em Brasília

Para Edilene, as mulheres, mais bem preparadas e estudiosas que os homens nas universidades e em concursos públicos, garantem aprovações, mas perdem espaço quando há critérios políticos de indicação - vide a tentativa, sem sucesso, de convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a emplacar uma representação feminina na vaga da ministra Rosa Weber, aposentada do Supremo Tribunal Federal (STF) no final de setembro.

“Quando nós falamos das Cortes Superiores, aí é que o assunto fica ainda mais dramático”., diz ela. “Me parece que discutir compartilhamento desses espaços, desses olhos no Judiciário, com uma pauta de cotas, pode inclusive facilitar para os governantes, compreender a importância dessa ação afirmativa”, sugere.