Um vídeo alimentou as redes sociais de políticos de direita e opositores ao governo do presidente Lula, no fim de semana. Nele, a guia turística Irma Ferreira acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de preconceito e impedi-la de se aproximar da sede da Corte, na Praça dos Três Poderes, por estar vestida com uma camisa com as cores da bandeira do Brasil. A coloração é um dos símbolos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e foi bastante explorada pelas pessoas que invadiram as sedes dos Três Poderes, em 8 de Janeiro. 

Na publicação, Irma, que se apresenta como guia turística em Brasília há 16 anos, diz que estava com um grupo de clientes e foi impedida de acompanhá-los para tirar uma foto na escultura A Justiça, obra do artista plástico mineiro Alfredo Ceschiatti, criada em 1961. Símbolo do Judiciário brasileiro, o monumento representa uma mulher sentada e vendada, segurando uma espada, um dos símbolos mais usados para caracterizar as deusas greco-romanas das leis e da justiça. A peça foi, inclusive, atacada pelos invasores no início do ano.

De acordo com a guia turística, a camisa faz parte do seu uniforme de trabalho e não tem cunho político-partidário. “Eu estou em estado de choque. Eu nunca vi isso acontecer na vida, eu não poder usar uma camisa com a bandeira do Brasil. A nossa camisa não tem conotação política e existe há muitos anos. Eu quero deixar registrada a minha tristeza."

Em nota, o Supremo classificou como “falsas” as acusações de Irma. De acordo com a instituição, para acessar a área circundada pelos gradis é necessário agendar uma visita ao tribunal. O Palácio do STF  está cercado desde o dia do ataque. “O Tribunal, assim como qualquer local público de uso especial, tem regras de acesso. Mas não houve qualquer impedimento para a profissional registrar fotografias do lado externo do gradil.”

Ainda segundo a assessoria do STF, no dia da visita de Irma, uma quarta-feira, ocorria sessão no plenário e que, nesse caso, se ela quisesse assisti-la, haveria necessidade de uso de traje social.