A vereadora Macaé Evaristo (PT) apontou, nesta quinta-feira (7), em entrevista ao Café com Política, do Super N 1ª Edição, da Rádio Super 91,7 FM, que a discussão sobre a proibição à linguagem neutra dispersa os problemas concretos da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. A proibição, proposta pelo vereador Nikolas Ferreira (PL) por meio do Projeto de Lei 54/2021, foi aprovada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), em votação simbólica, na última terça (5), em 1º turno.
Macaé já havia argumentado que o texto seria inconstitucional, já que cabe à União, por meio do Conselho Nacional de Educação, não ao Município, legislar sobre a base comum curricular das escolas. “Fico pensando: a não ser nos dispersar dos problemas concretos que precisamos resolver hoje para a melhoria da qualidade da educação das crianças, qual serviço isso traz?”, questiona a ex-secretária de Educação de Belo Horizonte (2005-2012).
A vereadora cita, por exemplo, gargalos da Educação como a ausência de acesso à inclusão digital, o desafio da evasão escolar e, sobretudo, a ausência de vagas para a educação integral em Belo Horizonte. “A gente não conseguir ampliar a permanência das crianças o dia inteiro nas creches é um problema concreto. Uma mãe que deixa a criança na escola às 7h e tem que buscar já às 11h30 é um problema. É sobre essas questões que a gente deveria estar se debruçando, não com essas falácias”, critica.
Macaé acrescenta que discutir a utilização da linguagem neutra ou não binária nas escolas de Belo Horizonte é contraproducente. “Criamos um problema que não existe, gastamos um tempo enorme e desperdiçamos dinheiro público para debater questões que, de verdade, não mudam nada na vida cotidiana, na qualidade de vida e na melhoria da educação das crianças”, aponta a integrante da Comissão de Educação da CMBH.