Tão aguardada pelos atingidos e cobrada pelo governador Romeu Zema (Novo), a repactuação do acordo pela tragédia de Mariana, ocorrida há quase 10 anos na Mina de Germano, da Samarco, ainda está longe de uma conclusão concreta. Nesta quinta-feira (8), questionado pela imprensa, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) afirmou que encontrou as tratativas praticamente paradas quando assumiu o cargo em 2023.
"Não encontramos nada consistente nesse sentido. Havia muita espuma e pouquíssimo conteúdo. Nós temos conversado tanto com a Vale quanto com a BHP. A AGU (Advocacia Geral da União) está participando desse processo. [...] Há avanços. Os diálogos são permanentes. A gente espera que possamos retomá-los agora", disse o único ministro mineiro do governo Lula (PT).
Silveira não deu detalhes sobre a atual situação das tratativas. Havia uma expectativa de que o acordo seria assinado no fim do ano passado, mas a proposta feita pela Samarco e suas controladoras Vale e BHP Billiton não agradou às autoridades. Integrantes do Judiciário sempre defenderam que as conversas estavam avançadas em dezembro de 2022, na reta final do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a gestão de Lula quis rever alguns pontos vistos como desvantajosos.
Em sua fala nesta quinta, o governador Romeu Zema (Novo) pediu mais celeridade nas conversas. “Infelizmente, ainda não tivemos o mesmo desfecho (de Brumadinho, no qual houve um acordo de R$ 37,6 bilhões com a Vale) no caso de Mariana. Já se passaram oito anos. Conto com a parceria do senhor, presidente. Precisamos acelerar as tratativas para esse acordo”, afirmou.
A última proposta discutida no âmbito de Mariana foi de R$ 42 bilhões, valor visto como muito abaixo do ideal por interlocutores de Lula e do Ministério Público de Minas Gerais. O pedido inicial das autoridades é de R$ 116 bilhões, conforme apurou a reportagem. No entanto, como em toda negociação, as partes precisam encontrar um meio-termo que agrade a todos, o que faria esse valor diminuir. Porém, a proposta de R$ 42 bilhões está muito aquém do razoável aos olhos dos órgãos públicos envolvidos.