No último dia à frente do cargo, o ministro-chefe da CGU (Controladoria-geral da União), Jorge Hage, voltou a criticar as fragilidades no sistema de fiscalização das empresas estatais.
Hage foi substituído pelo auditor da Receita Federal de carreira, Valdir Simão, que tomou posse na tarde desta sexta-feira (2).
Em seu discurso de despedida, Hage lembrou as dificuldades de se fiscalizar estatais e empresas públicas de economia mista, como a Petrobras. "Sobretudo na dimensão preventiva, que é a que mais importa. E é bom lembrar que é por elas que passa hoje a parcela mais vultosa dos investimentos federais", criticou.
Hage defendeu a criação de unidades de fiscalização e controle internos nas empresas públicas e a revisão das regras de contratação e licitações que vigoram hoje. "Conforme já tive oportunidade de dizer, o que acaba de ser descoberto na Petrobras constitui clara evidência do que afirmo", argumentou.
Ele aproveitou para cobrar que o Congresso aprove as reformas política e a do processo judicial. Sobre a primeira, Haje foi enfático:
"Reduzir o espectro partidário a um número razoável que faça algum sentido para o eleitor. Se e enquanto isso não for possível, impõe-se suprimir, pelo menos, o financiamento empresarial de campanhas, nascedouro da maior parte da alta corrupção."
Valdir Simão, em entrevista após à cerimônia, preferiu não comentar possíveis acordos de leniência a serem firmados com empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
Ele foi instado a comentar possíveis contenções orçamentárias, que podem atingir a CGU. A falta de recursos foi criticada algumas vezes por Jorge Hage. "Vamos enfrentar período de ajuste que todo o governo tem que contribuir. Restrições estão aí para todos e temos que nos adaptar a elas", afirmou Simão.