Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Oposição critica suposta precarização da Cemig para facilitar venda da empresa

Único representante da companhia presente na audiência pública disse que gastos com plano de saúde de aposentados prejudica capacidade de investimento da estatal energética

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 10 de junho de 2021 | 18:26
 
 
 
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Deputados da oposição e sindicalistas criticaram o que enxergam como a precarização da Cemig para facilitar a privatização da empresa em uma audiência pública realizada nesta quinta-feira (10) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

O único representante da empresa na reunião disse que a Cemig está fazendo reformulações, por exemplo, no plano de saúde dos funcionários para ter mais capacidade de investimento e melhorar o atendimento ao público.

O deputado Betão (PT), que convocou a audiência pública, considera que a extinção de postos de trabalho e a substituição de trabalhadores próprios por terceirizados na Cemig aumenta a precarização das relações de trabalho.

“Essas e muitas outras medidas, no nosso entendimento, anunciam uma tentativa de desmonte da empresa com vistas à sua privatização”, disse o deputado, para quem essas medidas têm como consequência a piora na qualidade do serviço. “Tentam criar um clima de descontentamento da população mineira”, afirma Betão.

A principal crítica dos sindicalistas é em relação à proposta de mudança nos planos de saúde dos servidores e aposentados da Cemig. O gerente de relações sindicais e de trabalho da Cemig, Brunno dos Santos, único representante da empresa ou do governo Zema presente, negou que a empresa queira retirar o plano de saúde.

Segundo ele, a Cemig propôs um novo plano de saúde, custeado integralmente pela empresa, para os empregados e os dependentes diretos deles. Atualmente, os funcionários pagam pelo plano de saúde, de acordo com Brunno.

Para os aposentados, o plano de saúde proposto é o mesmo. “No entanto, o custeio deverá ser feito integralmente pelos aposentados. São raríssimas empresas que ainda possuem contribuição para plano de saúde de aposentados”, disse o gerente.

De acordo com Brunno dos Santos, a Cemig tem um passivo pós-emprego de R$ 7 bilhões, formado por obrigações que a companhia tem com os empregados após o desligamento deles relativo à previdência social, plano de saúde e seguro de vida.

Segundo ele, esses gastos prejudicam a capacidade de investimento. “Em vez da companhia melhorar o atendimento para os clientes, ela está arcando com recursos para pagamento de plano de saúde para os aposentados”, disse.

De acordo com Brunno dos Santos, os aposentados da Cemig recebem em média R$ 10,6 mil cada. "Não são pessoas vulneráveis", acrescentou.

O gerente de relações sindicais e de trabalho afirmou que os desinvestimentos da Cemig na Light, já concretizado, e na Taesa, têm como objetivo focar os investimentos da empresa em Minas Gerais.

Em nota, o governo de Minas disse que a própria Cemig está realizando estudos para analisar o melhor formato da venda de ativos da empresa e que o objetivo é focar em investimentos em Minas Gerais.

"A CEMIG pretende investir cerca de 22,5 bilhões de reais até 2025 em melhoria da sua estrutura de transmissão, geração e distribuição, com foco em Minas Gerais, o que consequentemente vai melhorar a qualidade do fornecimento de energia para os mineiros", informa o texto.

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