Pronunciamento

Parlamentares se dizem perplexos e chamam Bolsonaro de "irresponsável"

Até o momento, o Brasil registra 46 mortes e 2.201 confirmações da nova doença

Por Da Redação
Publicado em 24 de março de 2020 | 21:34
 
 
 
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Vários parlamentares disseram estar "perplexos" diante do pronunciamento do Jair Bolsonaro (sem partido) na noite desta terça-feira (24). O presidente da República criticou o fechamento de escolas, atacou governadores e culpou a imprensa pela crise provocada pelo coronavírus no Brasil, a qual  classificou como "gripezinha".

O discurso contrariou as próprias recomendações do Ministério da Saúde. No Brasil, até o momento, 46 pessoas morreram devido à Covid-19, e 2.201 pessoas tiveram a doença confirmada. 

No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) disse que, neste momento grave de pandemia, o país precisa de uma “liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da população”

Já o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Simone Tebet (MDB-MS), se mostrou perplexa após o pronunciamento. "Adianta comentar?", respondeu à "Folha de S.Paulo" quando procurada.

O líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), falou por meio de suas redes sociais que Bolsonaro superou “todos os limites da irresponsabilidade”.

“(Ele) ataca todo mundo, questiona o isolamento social, vem com uma tese maluca de que a Itália tem um clima mais frio. Vai passar para a história como a primeira vez em que um chefe de Estado usou a cadeia de rádio e TV para espalhar mentiras, mentiras que podem levar as pessoas à morte”, criticou.

Na Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) se disse frustrado com a reação do presidente. “Quando mais precisamos de um líder que una o país, mais ouvimos um presidente que luta contra inimigos imaginários. O povo preocupado em salvar as pessoas, e o presidente preocupado em acirrar disputas políticas”, afirmou.

O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), disse que a declaração do presidente atingiu o "ápice da irresponsabilidade". E que, enquanto a população esperava um plano de ação robusto, Bolsonaro mostrou que "se desconectou de vez da realidade".

"Em pronunciamento que atingiu o ápice da irresponsabilidade, negou a gravidade do novo coronavírus, insistiu que se trata de uma 'gripezinha' e convocou as pessoas a voltarem às ruas. Segue na contramão de líderes mundiais que prezam pela sua população. É um crime contra a vida do povo brasileiro", afirmou.

 

Apoio

O presidente, porém, encontrou algumas vozes de apoio no Legislativo. O líder do governo no Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), saiu em defesa de Bolsonaro.

"(É) a fala de quem está trabalhando muito, dormindo pouco e atento aos movimentos políticos que infelizmente alguns setores ainda insistem em fazer num momento de calamidade como esse. As ações responderão por si, mas todas são resultado de um comando", afirmou o senador.

Já o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), classificou como excelente o pronunciamento. “A sua visão de estadista e a sua coragem em ir na contramão da histeria coletiva, construída sem critérios racionais, vão salvar as vidas de milhões de brasileiros”, afirmou. 

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