Professora com atuação por mais de 33 anos na Vila Maria, comunidade do bairro Jardim Vitória, Nara Lúcia de Paula Fan teve sua base eleitoral exatamente na região Nordeste, quando decidiu tentar uma vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte pela Rede Sustentabilidade. Mas apesar de conquistar 2.670 votos, a posse só acontece agora em 2024, no último ano da legislatura. Está marcada para segunda-feira (25), após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar a chapa do PROS nas eleições de 2020.
O resultado desse processo retirou das cadeiras da Casa os vereadores César Gordin (Solidariedade) e Wesley Moreira (PP), e deu lugar à Nara e ao ex-vereador Preto, que também tomará posse. Nesta quinta-feira (21), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) refez a contagem dos votos, que confirmou a decisão sobre os novos parlamentares.
Nas redes sociais, Nara se define como "professora da quebrada", exatamente pela forte relação com a comunidade da Vila Maria, onde trabalhou por mais de três décadas. Ela também é fundadora do Instituto da Quebrada, projeto que teve início em 2020 e realiza atendimentos sociais para crianças e adolescentes.
Mas, apesar de chegar apenas agora ao cargo de vereadora, Nara não é desconhecida dos corredores da Casa. Isso porque, desde o ano passado, ela trabalha como assessora no gabinete do presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB). Mesmo assim, Nara garante que não terá influência de Azevedo em seu mandato. "Eu aprendi muito no gabinete, mas agora a vereadora sou eu", afirma.
Aos 60 anos, a professora, e agora vereadora de BH, é casada, mãe de um filho e avó de duas crianças. O maior desejo de Nara é continuar levando a educação para todos os cantos da capital mineira. “Hoje eu sei da importância que tive nessa comunidade. E eu quero transformar BH pela educação”.
Entenda
O PROS teve os votos anulados após o TSE entender que o partido lançou “candidaturas-laranjas” para fraudar a cota de gênero nas eleições municipais de 2020. Pela lei, cada partido ou coligação deve ter entre 30% e 70% para candidaturas de cada sexo nas eleições para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa do Distrito Federal, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais.
Entre as evidências, os magistrados destacaram o fato de que algumas das candidatas do PROS tiveram votação zerada, ou seja, nem mesmo elas apoiaram as próprias candidaturas. A ausência de campanha das supostas postulantes foi outro indício.
Na decisão, os ministros também determinaram a cassação de todos os candidatos do PROS naquela ocasião, o que resultou na perda de mandato de Gordin e Wesley Moreira. O TSE também decidiu pela inelegibilidade das oito mulheres utilizadas para lançar candidaturas falsas com o objetivo de burlar a lei.