O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou nesta segunda-feira (27), que a liberdade de expresão precisa ser assegurada, mas que a democracia precisa reagir a "arranjos orquestrados e financiados" para a sua destruição. As declarações foram dadas em transmissão organizada pelo jornal "O Globo" em comemoração aos 95 anos do jornal. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também participou do debate.
"A internet trouxe coisas extrraordinárias (...) a vida ficou mais fácil. Mas veio essa carga negativa que são as campanhas de ódio, de desinformação que são hoje a minha principal aflição nesse momento. O que eu acho é que nós valorizamos a liberdade de eexpressão, ela é decisivia, mas as democracias precisam se defender de arranjos orquestrados e financiados para a sua destruição. Portanto, há um componente delicado aí de assegurar a liberdade de expressão mas de não ser suicida em relação à democracia. Portanto, quando há risco de destruição da democracia, ela, evidentemente, precisa reagir", disse, ao ser perguntado sobre como coibir o ódio nas redes sem interromper o debate.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi em linha semelhante e reclamou que grupos ligados ao governo tentaram impor sua vontade sobre o Parlamento por meio de campanhas de ódio nas redes.
"Liberdade é uma coisa mas não é ilimitada, mas, no devido processo legal, os limites sao construídos numa sociedade, pela Constituição, pela lei, e nenhum movimento pode o que quer e pode tudo, ou pode querer impor sua posição sobre o Parlamentou ou sobre o Judicário brasileiro", disse Maia.
O debate se dá no momento em que o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou a retirada do ar de perfis bolsonaristas que faziam ataques à Corte e são acusados de divulgar notícias falsas nas redes sociais. As respostas não foram dadas, porém, em uma pergunta específica sobre o assunto.