A privatização da Cemig pode resultar numa queda no valor da conta de luz para os mineiros. O indicativo foi dado pelo secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico do Estado, Adriano Chaves, que ontem participou de uma audiência na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG). De acordo com o gestor, a redução seria possível graças à melhoria na eficiência das atividades com a venda da estatal.
O secretário fez um comparativo do custo per capita da Cemig em relação a distribuidoras de outros Estados, que foram privatizadas. “Se compararmos a Cemig Distribuição com as distribuidoras do Ceará (Enel), da Bahia (Coelba) e do Mato Grosso (Energisa), vamos observar o seguinte: o custo da Cemig, dividido para cada cliente, é como se pagássemos em torno de R$ 300 para a manutenção da companhia”.
De acordo com o secretário, ao comparar o valor com o custo per capita das empresas privatizadas, o custo reduz para R$ 197. “Com a redução de custeio, de custo operacional, a tendência é uma redução de preço da tarifa e da conta de energia”, disse o gestor, afirmando que o governo de Minas terá oportunidades para esclarecer a população sobre o tema. O secretário referia-se à pesquisa divulgada pela Associação Mineira de Municípios, que apontou que a maior parte da população mineira é contra a privatização da Cemig e da Copasa.
Apesar de o sentimento majoritário da sociedade mineira, segundo a pesquisa, ser contra a venda das estatais, Adriano Chaves reforçou que o Estado não tem capacidade financeira de investir nas empresas. “É importante termos a sensibilidade que precisamos investir, somente na Cemig, na Copasa e na Gasmig, cerca de R$ 50 bilhões para mudar o patamar econômico. O Estado não tem, hoje, a menor condição de fazer os investimentos necessários para colocar Minas no patamar tão desejado pelos mineiros”.
Ele deu como exemplos a necessidade de se investir R$ 26 bilhões na Copasa para a universalização do acesso ao saneamento até 2033 e os R$ 21 bilhões necessários para a Cemig no curto prazo, além dos R$ 5 bilhões para a Gasmig ampliar as redes no Estado, melhorando o desenvolvimento de cadeias produtivas, a exemplo da indústria do aço.
O presidente da Copasa, Carlos Eduardo Castro, adotou um tom mais ameno com relação à necessidade de privatização e disse que o assunto será discutido pelo governador Romeu Zema (Novo) e pelos deputados. “Nos comprometemos para trabalhar e aumentar a eficiência da companhia e sua geração de valor. Isso será útil em qualquer cenário (com ou sem privatização)”.
Em sua apresentação, Castro destacou que, em 2018, a empresa deixou de cumprir contratos estimados em R$ 1 bilhão com os municípios. “Temos grande necessidade de capital para atender esses compromissos contratuais”, disse, informando que a Copasa tem “necessidade, (falta de) capacidade e tempo”: “Essa equação ou você faz num tempo menor, ou as pessoas terão que de fato aguardar. Ou vamos ter que achar outra forma”.
Interinidade
À frente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico em caráter temporário desde que o titular da pasta, Manoel Vitor, deixou o governo no mês passado, Adriano Chaves reforçou que permanecerá no cargo apenas durante a fase de transição. “No momento, o que temos é essa transição. E estamos aguardando o governador com tranquilidade, estamos buscando dar essa tranquilidade a ele para que selecione o nome que achar adequado para conduzir a secretaria”.
Questionado se aceitaria um possível convite para assumir a pasta de maneira definitiva, Adriano disse que a equipe está preparada. “Somos muito organizados, e temos grandes desafios. Precisamos entender qual é o projeto. A gente espera que o governador saiba fazer a escolha adequada”.