Eleições 2022

Secretário de Defesa dos EUA diz confiar no TSE e cobra respeito à democracia

Lloyd Austin disse ao ministro da Defesa brasileiro, general Paulo Sérgio Nogueira, que o governo Joe Biden espera que o Brasil mantenha a tradição de realizar eleições justas e transparentes

Por Renato Alves
Publicado em 27 de julho de 2022 | 14:35
 
 
 
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O governo de Joe Biden mandou mais um claro recado ao governo de Jair Bolsonaro sobre a democracia no Brasil. Nesta quarta-feira (27), o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse ao ministro da Defesa brasileiro, general Paulo Sérgio Nogueira, que as autoridades norte-americanos esperam que o Brasil não só realize eleições justas e transparentes como respeite a vontade da maioria da população e preserve a democracia.

Lloyd Austin e Paulo Nogueira se encontraram a portas fechadas, em Brasília, na manhã desta quarta, em compromisso previamente agendado na 15ª Conferência de Ministros de Defesa das Américas. A capital brasileira sedia o evento, que começou segunda (25) e termina sexta (29).

A equipe do O TEMPO em Brasília ouviu integrantes das Forças Armadas do Brasil que foram informados sobre o teor da reunião de pouco mais de 30 minutos. Todos disseram que a conversa foi amena, mas que Lloyd Austin fez questão de falar sobre as eleições brasileiras e exaltar o sistema eleitoral do país.

O secretário de Defesa dos EUA reforçou a posição da administração Biden e o que ele mesmo já havia dito no dia anterior, durante a abertura oficial do fórum realizado em Brasília.

Ministro da Defesa defende democracia mas destaca papel das Forças Armadas

Por outro lado, assim como disse na terça-feira, também na abertura da conferência, Paulo Nogueira defendeu a democracia. No entanto, não deixou de destacar o papel das Forças Armadas na organização das eleições brasileiras.

O ministro da Defesa do Brasil afirmou em discurso de abertura da 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas que respeita as diretrizes da Carta Democrática Interamericana.

O documento determina que a democracia deve ser a forma de governo de todos os países das Américas. Ao se comprometer com ele, o governo também se compromete com a defesa do sistema em toda a região.

“Da parte do Brasil, manifesto respeito à carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), e a Carta Democrática Americana, e seus valores, princípios e mecanismos”, disse Nogueira.

No mesmo discurso, ele reforçou a intenção, por parte do governo, de assinar a Declaração de Brasília, que reforçará o intuito da Carta Democrática Interamericana.

A expectativa é que a assinatura da Declaração de Brasília ocorra ao fim da conferência, sexta.

As mais recentes declarações do ministro da Defesa do Brasil contradizem seus pronunciamentos caseiros, que têm colocado em dúvida o sistema eleitoral brasileiro e alimentado teorias conspiratórias do governo Bolsonaro em relação à segurança das urnas eletrônicas e da isenção das Cortes superiores do país.

Secretário de Defesa dos EUA também destaca defesa da democracia

O secretário de Defesa dos Estados Unidos também discursou na abertura oficial da conferência e fez uma defesa enfática da democracia nas Américas.

“Nossos países não estão unidos apenas pela geografia. Nós também nos aproximamos por interesses comuns e valores comuns, pelo nosso respeito profundo pelos direitos humanos e a dignidade humana, nosso compromisso com o Estado de Direito e a nossa devoção à democracia”, afirmou o representante norte-americano.

O governo dos EUA, parlamentares do país e veículos de comunicação vêm demonstrando preocupação com o respeito à democracia no Brasil no governo Bolsonaro. Eles já externaram, inclusive, o temos com um golpe de Estado neste ano, caso o presidente não consiga se reeleger. 

Medo que aumentou após o chefe do Executivo brasileiro convocar embaixadores para atacar o sistema eleitoral do país, sem apresentar qualquer prova, como vem fazendo desde 2018, quando diz ter vencido o pleito no primeiro turno. 

As autoridades norte-americanas falaram que o Brasil corre o risco de vivenciar o que os EUA enfrentaram com a derrota de Donald Trump, que não aceitou o resultado das eleições e incitou seus apoiadores a invadirem o Capitólio, no violento episódio que culminou em mortos e feridos.

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