REPERCUSSÃO

Vereador de BH demite assessor suspeito de estar em briga que matou cruzeirense

César Gordin afirmou que lidera seus assessores ''pelo exemplo'' e que ''não aceita participação em briga de qualquer tipo''

Por O TEMPO
Publicado em 04 de março de 2024 | 12:52
 
 
 
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O vereador César Gordin (Solidariedade) demitiu o assessor parlamentar Marcos Vinícius Oliveira de Melo, conhecido como Vinicin, suspeito de participar da briga que terminou com a morte de um torcedor do Cruzeiro a balas no último sábado (2). Dois outros torcedores celestes também ficaram feridos com tiros.

Em nota publicada no Instagram, César Gordin disse que não compactua com as brigas e garantiu que não houve morte por confrontos de organizadas entre 2012 e 2016, quando ele presidiu a Galoucura. “Lidero meus assessores e atletas pelo exemplo, e não aceito participação em briga de qualquer tipo, como a que ocorreu no sábado (02/03). Não sou polícia, nem Justiça para investigar ou julgar ações de quem trabalha em meu gabinete fora do seu horário de trabalho, em sua vida privada. Mas, até que todos os fatos sejam apurados e identificados os responsáveis, decidi pela demissão imediata do meu assessor, que foi citado como tendo tido envolvimento na briga do final de semana", escreveu.

Vinicin trabalha com Gordin desde abril do ano passado, quando o vereador tomou posse na Câmara de BH. De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, o assessor parlamentar foi visto agredindo um cruzeirense e impedindo que o torcedor baleado fosse socorrido. 

“Vale ressaltar que Marcos Vinícius Oliveira de Melo fora condenado em 2013 a 17 anos de prisão pela participação no homicídio de Otávio Fernandes (outro torcedor do Cruzeiro), ocorrido em 2010. Em 2018, o mesmo também foi condenado a um ano e quatro meses de prisão por lesão corporal leve, sendo que no mesmo caso, seus comparsas foram condenados por tentativa de homicídio (novamente em uma briga entre organizadas)”, registrou a PM no documento.

Vinicin foi condenado a 15 anos pelo homicídio e a dois anos por formação de quadrilha no âmbito do processo que apurou a morte do cruzeirense Otávio Fernandes, ocorrida em novembro de 2010. Na ocasião, ele e outros integrantes da Galoucura espancaram a vítima, então com 19 anos, na avenida Nossa Senhora do Carmo, nas proximidades do shopping Pátio Savassi.

Sobre os casos passados de Vinicin, César Gordin disse que o objetivo era ressocializar o assessor com o trabalho na Câmara. "Dei oportunidades para quem cometeu erros no passado, a fim de que tivesse oportunidade de trabalho digno para sustentar sua família", afirmou. 

O vereador do Solidariedade também cobrou as autoridades de segurança pública na nota oficial. "Torço para que as autoridades escutem mais as torcidas, para que brigas não ocorram mais. Esse é um fenômeno social complexo e para ser de fato resolvido não deve ser tratado com soluções simplistas", escreveu.

Outros lados

Pelo Instagram, Vinicin negou as acusações. "Mais do que ninguém, eu sei que quando um morre, independente do lado, todo mundo perde. Quem me conhece sabe. Sou trabalhador e pai de família, mas também sou alvo sempre. Nunca fui de covardia e nunca serei. A corda costuma estourar do lado mais fraco, e a mídia mais uma vez reforça isso. Sempre foi assim. Eu não sou responsável pelo que estou sendo acusado e associado. Procurem saber o que de fato importa. Peço a Deus que dessa vez a Justiça seja justa”, escreveu. 

Já a Galoucura informou que "sempre vai ser alvo de ataque de todos os 'formadores de opinião', que não fazem ideia do 'corre' que é ser torcida". "Quando acontece um fato lamentável, todos perdem. Uma família perde seu ente querido, somos criminalizados coletivamente, marginalizados e muitas vezes punidos coletivamente também, o que não acontece com nenhum outro segmento no Brasil", escreveu a organizada no Instagram.

Procurada, a Câmara Municipal de BH informou que não vai se manifestar sobre o caso.

César Augusto Cunha Dias, o César Gordin, recebeu 4.478 votos em 2020. Ex-líder da Galoucura, ele está em seu segundo mandato como vereador, assumindo uma cadeira no ano passado, após disputa judicial com o ex-vereador Uner Augusto (PRTB). Em 2019, na condição de suplente, ocupou a vaga de Osvaldo Lopes, eleito deputado estadual. Nos dois anos de mandato, foi base do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).

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