O vereador Flávio dos Santos (Podemos) negou as acusações de corrupção feitas pelo ex-funcionário de seu gabinete, Edilson Sena, e pelo estudante de direito Eduardo Otoni. Entre outras denúncias, os dois acusam o vereador da prática de “rachadinha” – quando os funcionários do gabinete são obrigados a devolver parte dos salários –, de ter instalado “gatos” de água e luz na própria residência.
Em entrevista à rádio Super 91,7 FM, o vereador Flávio dos Santos admitiu que usou o carro oficial para buscar a filha em Marataízes (ES). “O Roneci (assessor do vereador) estava de férias. Ele foi levar a família dele em uma casa que ele tem na praia e levou minha filha junto. Chegando lá, depois de quatro dias, a minha filha passou mal. Ela foi levada ao médico e ele recomendou que ela não ficasse lá. Quando ele (Roneci) me ligou, eu fiquei desorientado e peguei, sim, o carro e busquei a minha filha. Foi isso que aconteceu”, explicou o vereador.
Em relação ao suposto “gato” instalado no gabinete externo do vereador, localizado do outro lado da rua de sua casa, no bairro Saudade, Flávio dos Santos mostrou um vídeo onde um homem de camisa vermelha abre o portão para o funcionário da Cemig. Segundo o vereador, o homem é o ex-assessor Edilson Sena. Em entrevista concedida nessa segunda-feira, também à rádio Super 91,7 FM, Sena havia afirmado não ter a chave do gabinete, o que é desmentido pela gravação.
“Está nítido (no vídeo) que ele pega a chave e abre o portão para o funcionário da Cemig. Eu não estava presente na minha casa e quando cheguei da rua me deparei com a moto da Cemig parada no meu portão. O vídeo mostra que ele (Sena) passa para o lado de lá para filmar minha chegada. Nesse momento, ele me filma e, com essa mesma roupa que eu estava, eu sai no jornal O TEMPO no dia seguinte”, explicou o vereador.
Flávio Santos também negou praticar “rachadinha” e disse que os valores pagos por uma funcionária de seu gabinete foram relativos a venda de um carro que realizou. “Vendi um carro de R$ 5 mil e parcelado de cinco vezes para minha funcionária. Na hora de pagar, ela alegava problemas familiares. Por isso, as cinco parcelas viraram 11. Nunca teve ‘rachadinha’”, disse Flávio, quando questionado sobre gravações em que, teoricamente, ele admitia a prática.
O ex-funcionário Edilson Sena e o estudante de direito Eduardo Otoni protocolaram uma denúncia na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) pedindo a cassação de Flávio dos Santos.
A assessoria da instituição não confirmou quando o pedido entra na pauta e que a definição da pauta cabe à presidente da CMBH, Nely Aquino (PRTB). Os denunciantes informaram que, de acordo com o vereador Orlei (Avante), a votação pela abertura ou não do processo de cassação ocorrerá na próxima sexta-feira.