O governador Romeu Zema (Novo) insinuou, nesta segunda-feira (16), que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter feito “vista grossa” aos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. De acordo com Zema, houve uma “lerdeza gigantesca” das forças de segurança ao reagir aos atos, que, para o governador, poderiam ter sido tolhidos a tempo.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Zema atribuiu os ataques ao Palácio do Planalto, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional à “direita radical”, que, segundo ele, seria uma minoria. “Me parece que houve um erro da direita radical, que, lembrando, é uma minoria, e houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez ‘vista grossa’ para que o pior acontecesse e ele se fizesse posteriormente de vítima”, supôs.
Questionado, o governador, que apoiou e coordenou em Minas a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição durante o 2º turno, alegou que se tratava de uma suposição. “Qualquer conclusão agora é prematura, mas o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que está subordinado ao Ministério da Justiça, foi previamente comunicado da manifestação e não se mobilizou, não fez nenhum plano de contingência”, acrescentou. Na verdade, o GSI tem status de ministério, ou seja, não é subordinado ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
Zema evitou dizer se estaria se referindo a leniência ou incompetência, mas afirmou que, pelo menos, houve omissão. “O inquérito que vai ter de apurar”, reiterou. “Eu não tive acesso a detalhes, mas é necessário uma investigação para que os fatos sejam apurados em detalhes em profundidade. Existe essa forte suspeita, mas, até o momento, é apenas suspeita”, concluiu.
Em resposta, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT), afirma que Zema apenas alimenta a teoria da conspiração que atribui os ataques às sedes dos Poderes a infiltrados. "Não contribui o governador de um estado importante como Minas Gerais fazer insinuações sem base, tentando culpar a vítima, com a teoria da conspiração que levou muitos golpistas a ventilar fake news sobre 'infiltrados' e coisas desse tipo. Queremos diálogo sério pela reconstrução do Brasil", pontuou.
Ainda em entrevista à Gaúcha, Zema reiterou que a presença na reunião, simbólica, entre Lula e os demais governadores, na última segunda (9), não foi uma demonstração de apoio ao governo federal, mas, sim, de repúdio aos ataques aos Três Poderes. “São coisas distintas. Tem de ficar muito claro. Muitos governadores foram exatamente com esse objetivo. Nós fomos lá para condenarmos os atos de vandalismo, de depredação de prédios públicos. Ora alguma fomos lá para apoiar o governo federal ou as medidas que o Supremo tem adotado”, pontuou.