ALMG

Zema propõe benefício como alternativa a aposentados da Minascaixa

Entre aposentados e pensionistas do banco extinto no início da década de 1990, 367 beneficiários estão sem receber do Estado de Minas Gerais desde março deste ano

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 26 de maio de 2023 | 12:40
 
 
 
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O governo Romeu Zema (Novo) propõe o pagamento de um benefício assistencial como alternativa aos aposentados e pensionistas da antiga Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais (Minascaixa). Os 367 inativos da Minascaixa, extinta ainda no início da década de 1990, estão sem receber do Estado desde o último mês de abril. A proposta foi levada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) pela secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, nesta sexta-feira (26).

Luísa afirma que cada aposentado ou pensionista receberá um benefício igual ao valor do último provento pago pelo Estado em março passado, mas limitado a R$ 4 mil. “Quem recebia um valor superior a R$ 4 mil, fica então com o benefício limitado a este teto, já que a gente está tratando agora de um benefício assistencial e não mais de um benefício previdenciário. Não é mais uma pensão ou uma aposentadoria”, reitera a secretária de Planejamento e Gestão. 

Ao contrário das pensões, o benefício assistencial aos inativos da Minascaixa será individualizado, ou seja, não poderá ser transferido como pensão a familiares após a morte do beneficiário. “Ele é um benefício individualizado com o intuito de garantir que essas pessoas não sejam desassistidas. Nós não queremos que essas pessoas passem por essa situação de desassistência, e, por isso, estamos propondo a criação de um benefício assistencial”, afirma Luísa.

De acordo com a secretária de Planejamento e Gestão, a Constituição impede que o governo de Minas assuma o pagamento das pensões e aposentadorias, já que é proibido ao Estado aportar recursos do Tesouro em fundos de natureza privada, como é o caso. “Na verdade, nenhum governo pode, por força da Constituição”, acrescenta. “Mas o benefício assistencial é possível.” O benefício será pago a partir da data de aprovação do projeto de lei pela ALMG, ou seja, não será retroativo aos meses de inadimplência do Estado.

O fundo a que se refere Luísa é o Fundo de Previdência Complementar da Minascaixa, que, assim que o banco foi privatizado, foi assumido pela Fundação Libertas. Em 2014, os R$ 200 milhões até então existentes no fundo foram repassados para o caixa único do Estado para que o governo processasse o pagamento aos aposentados e pensionistas. “Pela Lei, esses pagamentos só seriam devidos enquanto houvesse recursos no fundo. Esses recursos encerraram em março, e, por isso, não foi mais possível o pagamento”, justifica a secretária.

Luísa ainda aponta que, caso os beneficiários eventualmente optem por aguardar o ingresso de novos recursos no Fundo de Previdência Complementar, eles têm a opção. “Caso alguém receba um valor superior ao teto de R$ 4 mil estabelecido, essa opção é possível, mas não é possível acumular os benefícios previdenciários com os benefícios assistenciais caso a ALMG venha a aprovar o projeto de lei que a gente protocola hoje”, esclarece a secretária, que também lembra que não há previsão de ingresso de novos recursos no fundo.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT) questiona a natureza do pagamento proposto pelo governo Zema, já que, como observa, um benefício não garante direitos previdenciários. “O que o governo está fazendo, e é muito assustador, é retirar o direito previdenciário de mais de 300 pessoas que contribuíram a vida inteira para transformá-lo em uma assistência que tem limites, teto e prazo de finalidade. Isso é muito grave”, avalia.

Beatriz ainda critica a “omissão” e a “inércia” do governo diante do esgotamento dos recursos do Fundo de Previdência Complementar da Minascaixa. “O governo já sabia da dificuldade de aportar recursos para a previdência complementar em 2020. Depois, em outubro de 2022, soube que o recurso existente para o pagamento dos proventos teria fim, ou seja, o governo já tinha que ter se organizado para cumprir essas obrigações previdenciárias”, observa.

De acordo com a deputada, o bloco de oposição a Zema vai pressionar para que “todos os direitos sejam garantidos e preservados”. “(O projeto) Vai passar em várias comissões, então vamos fazer audiências, e, evidentemente, dialogar com todas as pessoas que foram diretamente atingidas e prejudicadas”, projeta Beatriz. O texto passará pelas comissões de Constituição e Justiça, Fiscalização Financeira e Orçamentária e Administração Pública.

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