Em entrevista ao programa “Pânico”, da rádio Jovem Pan, na tarde desta quinta-feira (21), o governador de Minas, Romeu Zema, detalhou as ações de enfretamento do coronavírus pelo Estado. Ele explicou que Minas vem sofrendo de forma menos intensa os efeitos da pandemia, sobretudo porque adotou medidas de isolamento rapidamente, e que deixou a cargo dos prefeitos discutir o melhor remédio às suas populações. Além disso, destacou que apenas 20% da população do Estado vive na região metropolitana e que, sobretudo, o “mineiro é cuidadoso e desconfiado”.

Em relação ao enfrentamento da pandemia pelo prefeito Alexandre Kalil, que ainda mantém rigorosas normas de isolamento social e fechamento do comércio em BH, Zema disse ele tem agido “fora da curva” se comparado a outros prefeitos da região metropolitana da capital.

“Ele (Kalil) tem esse estilo dele, como você (entrevistador) disse, que é bem único, bem expressivo, né, vamos dizer assim, e tem conduzido a pandemia em Belo Horizonte de uma forma muito distinta, inclusive de outras cidades aqui, da região metropolitana. Betim é diferente, Contagem é diferente. E eu quero aqui deixar um elogio para o prefeito de Betim (Vittorio Medioli), que fez mais de 200 leitos em uma das cidades que têm um dos menores índices do Estado. Então, tem muita gente trabalhando em silêncio, e tem alguém gritando e, às vezes, fazendo quase nada, que parece ser um pouco a situação aqui, da capital”, explicou.

Zema complementou dizendo que o isolamento social em BH contribuiu para a redução dos casos de Covid-19 no Estado, mas que, agora, é o momento de olhar a disponibilidade de leitos para o enfrentamento da pandemia. “E, hoje, nossa situação é: temos 7% dos leitos de UTI ocupados por portadores ou suspeitas de coronavírus, o que é uma taxa que nos dá um colchão de segurança muito expressivo ainda”, afirmou.

O governador de Minas também frisou que 70% das cidades do Estado nem sequer têm óbito registrado por coronavírus. “Hoje, Minas é o segundo melhor Estado do Brasil, atrás apenas do Mato Grosso do Sul, no que diz respeito a óbitos por 100 mil habitantes. E, se vocês fizeram uma visita aos nossos hospitais, vocês vão encontrar, em todos eles, ou na grande maioria, uma reclamação gigantesca de que eles estão ociosos”, explicou em relação ao número de casos de Covid.

Nesta quinta, o Estado registrou 191 mortes e 5.596 casos confirmados da doença.

Subnotificação

Sobre a subnotificação de casos de coronavírus, que em Minas é até quatro vezes maior que a média nacional, conforme estudos de universidades, Zema falou que o problema existe, sim, mas que hoje não há uma grande demanda da população por testes. “As pessoas não têm procurado o Estado para fazer teste, e eu não vou ficar laçando pessoa para fazer teste”, disse.

Ele reforçou que entre os meses de janeiro a abril desde ano, houve queda no número total de óbitos em todo o Estado, incluindo os por doenças respiratórias, sem detalhar números absolutos. “Temos tido uma ociosidade na procura por testes (de coronavírus)”, reforçou Zema.

Rombo

O governador de Minas também alertou que situação financeira de Minas talvez esteja entre as mais preocupantes de todos os Estados. Disse que a ajuda do governo federal vai, sim, ajudar no enfrentamento da crise, mas o valor está longe do ideal para cobrir rombo de aproximadamente R$ 8 bilhões previstos até o fim do ano.

“A situação de Minas é a mais grave de todos os Estados do Brasil. Só conseguimos fechar as contas graças a receitas extraordinárias. A ajuda do governo federal é fundamental, mas nem sequer vai completar a metade do que estamos perdendo com arrecadação de ICMS. Aqui, cortamos programas sociais, e o Estado não tem recursos neste momento”, frisou, referindo-se à liberação da Justiça de valores da Vale e da Samarco em compensação às tragédias em Brumadinho e Mariana.