Se Zé Ricardo, técnico do Cruzeiro, é por dentro o que é por fora, está no auge da maturidade psicológica. Enquanto a água que tocava o pescoço sobe e já rela o bigode, o comandante mantém serenidade em público. Em meio ao caos, palavras amenas, voz linear. Nada do que espera o torcedor.
O que Zé aparenta nas coletivas é de invejar qualquer ansioso, mas me parece a forma errada de se comunicar com quem tem sofrido. Especialmente porque parte da responsabilidade sobre a crise também é dele.
Demonstrar a insatisfação com os próprios erros e com as falhas de seus comandados estaria longe de desafogar o Cruzeiro. Contudo, ao menos demonstraria à torcida que há clareza quanto ao tamanho da adversidade e aos problemas do time. A impressão passada hoje é a oposta disso. A impressão.
É bem provável que o técnico tenha clareza desses dois fatores, mas tê-la não basta. É preciso mostrar ao torcedor, de forma nítida, que a tem. Não me refiro a expor jogadores, seria um grande erro. Entretanto, é possível ser mais eloquente na autocrítica (dele e do time) e tirar do cruzeirense a sensação de que há inércia enquanto o fogo se alastra.
Não esqueçamos: sensação também provocada pelos gestores da SAF. O CEO, Gabriel Lima, fez bem, é óbvio, em detonar a invasão de campo pelos marginais no estádio Durival Britto. Era o assunto mais grave, mas não o único a ser abordado.