Em meio a comoção, lágrimas e homenagens silenciosas, familiares, amigos e clientes se despediram na manhã desta quinta-feira (10/7) de Maria da Penha, de 60 anos, morta de forma brutal pelo companheiro, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo foi velado na Igreja Bola de Fogo, local frequentado pela vítima, conhecida pelo tempero de sua comida e por sua simpatia.

Samuel Alexandre dos Santos, motorista de aplicativo e marido da sobrinha de Maria da Penha, expressou toda sua indignação à reportagem do Super Notícia. Ele estava presente no momento em que o corpo foi encontrado. “Eu espero que ele apodreça na cadeia. Ela não merecia isso, com tanta crueldade. Causou uma dor enorme em todos nós. Eu sou um homem cristão, acredito na mudança das pessoas, mas diante do que ele fez, não tem mais como”, desabafou, emocionado.

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Segundo Samuel, Maria da Penha sempre acreditou que o companheiro poderia mudar. “Ele usava entorpecentes, usou da confiança da minha tia, que tinha fé na mudança dele. Ela era uma pessoa boa, não tinha coragem nem de matar uma barata”, contou. Ainda assim, mesmo após episódios anteriores de violência, a possibilidade de um feminicídio nunca passou pela cabeça da família.

O que mais chocou os parentes foi a frieza de Isaque Trindade, de 40 anos, autor confesso do crime. Ele chegou a participar das buscas por Maria da Penha antes de confessar à polícia que havia a matado. “Ele foi com a gente procurar ela. Eu mesmo deixei ele no trabalho, de uniforme. Quando voltamos pra casa, minha esposa disse que ia passar um café. A minha sogra foi até a casa dela, e me gritou. Quando eu cheguei lá, os policiais civis chegaram junto dizendo que ele tinha confessado. Parece que eu já estava sentindo que ela estaria lá”, relatou Samuel.

Durante o velório, era possível ver o carinho e a admiração que Maria da Penha despertava nas pessoas. Clientes que frequentavam sua barraca, amigos próximos e vizinhos passaram pela igreja para prestar as últimas homenagens. “O cheiro da comida dela, o sorriso dela… é difícil acreditar que a Penha se foi assim, desse jeito”, lamentou uma moradora do bairro.

O caso
Maria da Penha foi assassinada na noite da última terça-feira (8/7), dentro de casa, no bairro Vila Iris. Ela foi enforcada, teve as mãos amarradas e o corpo escondido debaixo da cama. Isaque Trindade, companheiro da vítima, procurou a Polícia Civil na manhã seguinte e confessou o crime. Segundo familiares, ele já havia tentado matar Maria anteriormente e chegou a se mudar para São Paulo, onde teria se envolvido em outro homicídio.

No ano passado, retornou a Minas prometendo que havia mudado. O corpo dela foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e enterrado sob forte comoção. O caso está sendo investigado como feminicídio.