O Atlético usou suas redes sociais e site nesta quarta-feira (19) para divulgar uma nota oficial em que se posiciona contra a uma eventual redução de público nos estádios na disputa do Campeonato Mineiro, que começa no próximo dia 25. O clube se baseia em "notícias veículadas na mídia" para afirmar que não aceita tal redução, que o futebol não pode ser tratado de forma diferente e que isso seriam "atitudes demagógicas".

"Sobre as notícias veiculadas na mídia, a respeito de eventual restrição de público nos estádios de nosso Estado, durante os jogos do Campeonato Mineiro, o Atlético afirma ser absolutamente contrário a qualquer medida nesse sentido. Iniciativa nessa linha seria completamente injustificada porque o futebol não pode ser tratado de forma diferente das demais atividades. O momento exige cuidado, o que não pode ser confundido com atitudes demagógicas", diz parte do texto.

Ainda segundo a nota, o aumento exponencial no número de infecções pela Covid-19 não seria um fator a ser levado em consideração, já que a variante Ômicron, atualmente a mais dominante no país e no mundo, provocaria "somente sintomas leves de gripe".

"O aumento momentâneo do número de casos de Covid refere-se a uma variante mais branda do vírus (Omicrôn), que ocasiona, na quase totalidade dos casos, somente sintomas leves de gripe", continua o texto.

A justificativa usada pelo clube não está correta, como explica a infectologista da Unicamp e Consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi.

"É verdade que a Ômicron é responsável por casos mais leves, isso em pessoas completamente vacinas, e completamente vacinadas para enfrentar a Ômicron significa ter três doses da vacina contra a Covid-19. Porque em pessoas não vacinadas ou que não receberam a terceira dose, ainda podemos ter formas graves da doença, assim como tivemos com as outras variantes", pontuou.

A infectologista lembrou ainda que as unidades de saúde estão voltando a ficar lotadas, reconheceu que eventos ao ar livre ainda não precisam ser definitivamente cancelados, mas enumerou os riscos que uma aglomeração como num estádio de futebol podem gerar.

"Com o aumento de casos e de internações em todas as regiões, é obrigatório que haja uma restrição na possibildiade de aglomeração de pessoas. Ainda não estamos falando em cancelar algumas atividades como jogos de futebol. No momento, para eventos ao ar livre, a recomendação é que haja redução no número de pessoas. Temos que pensar que a Ômicron se transmite muito facilmente. Mesmo pessoas vacinadas podem ter formas leves e podem transmitir para não vacinados, crianças e pessoas com risco maior como idosos e imunosuprimidos. Do ponto de vista sanitário é produnte que seja feita diminuição de pessoas para preservar a saúde de todos", concluiu.

Já o infectologista e professor da UFMG, Unai TUpinambás, que é membro do Comitê de Combate à Pandemia da Prefeitura de Belo Horizonte se mostrou um pouco mais radical.

"Eu acho que estes eventos superespalhadores, o que inclui jogos de futebol, deveriam ser proibidos pelo menos até final de fevereiro", resumiu.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) também falou sobre esse equívoco em minimizar os efeitos da Ômicron.

"Embora a Ômicron pareça ser menos grave em comparação com a Delta, especialmente entre os vacinados, isso não significa que ela deva ser classificada como branda. Assim como as variantes anteriores, a Ômicron está hospitalizando e matando pessoas. Na verdade, o tsunami de casos é tão grande e rápido que está sobrecarregando os sistemas de saúde em todo o mundo", afirmou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista concedida no último dia 6.

Leia a nota oficial do Atlético na íntegra:

"Sobre as notícias veiculadas na mídia, a respeito de eventual restrição de público nos estádios de nosso estado, durante os jogos do Campeonato Mineiro, o Atlético afirma ser absolutamente contrário a qualquer medida nesse sentido.

Iniciativa nessa linha seria completamente injustificada porque o futebol não pode ser tratado de forma diferente das demais atividades. O momento exige cuidado, o que não pode ser confundido com atitudes demagógicas.

O acesso aos estádios é permitido somente para pessoas plenamente vacinadas ou com teste negativo para Covid, realizado no período de 72 horas que antecede as partidas. Portanto, o ambiente do futebol é muito mais controlado que outros que funcionam normalmente, como transporte público, feiras, shoppings, transporte aéreo, restaurantes, cinemas, hotéis e eventos, entre outros.

Além disso, o aumento momentâneo do número de casos de Covid refere-se a uma variante mais branda do vírus, que ocasiona, na quase totalidade dos casos, somente sintomas leves de gripe.

É preciso considerar que eventual restrição de público nos estádios de Minas Gerais seria um desrespeito aos torcedores e causaria sério impacto para os clubes mineiros, que iniciam, na próxima semana, a disputa do campeonato estadual".